A TAP pagou um subsídio de frequência escolar para apoiar a educação dos filhos de quatro gestores entre 2016 e 2022. O valor era de entre 15 mil euros e 36 mil euros por ano, de acordo com a informação que consta do relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP e que foi apresentado na quarta-feira.
Este subsídio foi pago a David Pedrosa, filho do ex-acionista da TAP Humberto Pedrosa; Antonoaldo Neves, ex-presidente executivo; Raffael Quintas Alves, ex-responsável financeiro; e Christine Ourmières-Widener, ex-presidente executiva.
A notícia, refira-se, foi avançada pelo Correio da Manhã, que sublinha que este apoio começou a ser pago a partir de 2016, após o Estado ter vendido a TAP à Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, em novembro de 2015.
De acordo com a informação consultada pelo Notícias ao Minuto, Christine Ourmières-Widener recebia um subsídio de frequência escolar para os filhos de 15 mil euros por ano.
Antiga CEO da TAP recebia um subsídio de frequência escolar para os filhos de 15 mil euros por ano© Reprodução do relatório da CPI à TAP
Porém, há valores mais elevados. O subsídio escolar atribuído a Antonoaldo Neves ascendia a 36 mil euros em 2018, ao passo que David Pedrosa recebia 24 mil euros e Raffael Quintas Alves 18.500 euros por dependente.
Valor dos subsídios pagos em 2018 à comissão executiva da TAP© Reprodução do relatório da CPI à TAP
Obrigação de pagamento de 55 milhões a David Neeleman não é consensual
Vale recordar que o relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP aponta que os 55 milhões de euros pagos ao ex-acionista David Neeleman para sair da companhia resultaram de uma negociação, embora não tenha havido consenso quanto à obrigação de os pagar.
"O valor alcançado resulta de uma negociação até um ponto de entendimento entre as partes. Porém a existência de uma obrigação de pagamento a David Neeleman não foi amplamente consensual, sobretudo num contexto de alguma incerteza jurídica sobre os termos em que foi realizada a privatização em 2015, com recuso ao mecanismo 'Fundos Airbus'", lê-se no documento elaborado pela deputada relatora, a socialista Ana Paula Bernardo, a que a Lusa teve acesso.
O relatório refere que, na sequência da pandemia de Covid-19 e das dificuldades em que a TAP se encontrava em 2020, restavam ao Governo as opções de ou nacionalizar a companhia, ou de chegar a um acordo com os acionistas privados.
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