Fraca importação leva ao fecho do maior moinho de trigo da Venezuela

O moinho com maior capacidade de produção da Venezuela encerrou as portas devido a dificuldades no fornecimento de farinha de trigo e à "importação desleal" de produtos.

trigo, cereais

© PixaBay

Lusa
15/06/2023 06:41 ‧ 15/06/2023 por Lusa

Economia

Farinha

A denúncia foi feita aos jornalistas pelo presidente da Federação de Trabalhadores da Indústria da Farinha (Fetraharina) da Venezuela, Juan Crespo, precisando que os 300 trabalhadores do moinho de Gramoven, situado no Distrito Capital e do grupo Mimesa, ficaram agora desempregados.

"Acabou de fechar o maior moinho da Venezuela, que tinha uma capacidade instalada de 30.000 toneladas de moagem de trigo. Nele se produziam 200 mil sacos de 45 quilogramas por mês", disse, na quarta-feira, Juan Crespo à emissora Unión Rádio.

O principal motivo "é a concorrência desleal que experimentam os empresários do setor, com os produtos acabados que chegam à Venezuela", salientou.

"Trazer [um pacote de] massa do estrangeiro custa 0,70 dólares [0,65 euros], produzi-la na Venezuela custa 1,35 dólares [1,25 euros]. Hoje tudo o que chega [ao país] vem do Brasil, da Turquia e de Itália, e tudo chega terminado", sublinhou.

Juan Crespo advertiu que a Venezuela poderá tornar-se dependente das importações de alguns produtos: "não é um exagero, vamos tornar-nos numa Aruba ou Curaçau, onde não há produtores, tudo são contentores".

A Venezuela importa também trigo do Canadá e dos Estados Unidos. No passado, este cereal chegava também da Rússia, mas "deixou de ser uma opção porque apresentava 60% de impurezas, o que gerou um aproveitamento inferior desse produto", referiu.

O presidente da Fetraharina explicou ainda que pelos menos três mil padarias fecharam as portas no país, nos últimos anos.

"Das dez mil padarias que havia na Venezuela, agora restam apenas sete mil. Tornaram-se bares de karaoke, discotecas, porque já não é rentável fazer pão", lamentou.

Desde 2018 que a Venezuela tem tido dificuldades na importação de farinha de trigo dos EUA e do Canadá, situação que a Fetraharina atribuiu às sanções internacionais contra o país.

A escassez de farinha de trigo obrigou várias padarias a fechar as portas temporariamente, enquanto outras registavam diariamente longas filas de pessoas à espera para comprar pão.

Alguns estabelecimentos comerciais limitaram a quantidade diária de pão que cada cliente podia comprar, ao mesmo tempo que os empresários tentavam ajudar-se com empréstimos de farinha.

Em 2021, a Venezuela voltou a enfrentar escassez de farinha de trigo, usada no fabrico de pão, situação que obrigou as padarias a reduzir o horário de funcionamento.

A escassez, segundo a Fetraharina, forçou os 13 moinhos da Venezuela a operar a 50% da capacidade.

Às dificuldades de importação daquela matéria-prima juntaram-se outras problemas, como na distribuição de produtos, devido à falta de gasóleo no país.

Leia Também: China autoriza importação de grãos de café e bananas das Honduras

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