José de Jesus Gaspar foi eleito presidente do Conselho de Administração da empresa pública de gestão florestal Florestgal, anunciou, esta quarta-feira, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
"O Professor Doutor José de Jesus Gaspar foi eleito Presidente do Conselho de Administração da FlorestGal − Empresa de Gestão e Desenvolvimento Florestal, S. A., com efeitos a partir do próximo dia 1 de junho, na sequência do processo de recrutamento aberto para o cargo e após parecer favorável da CReSAP", lê-se num comunicado enviado ao Notícias ao Minuto.
Segundo uma nota curricular do Governo, José de Jesus Gaspar, desde 2017 vice-presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, é doutorado em Ciências Aplicadas ao Ambiente pela Universidade de Aveiro (2005), mestre em Environmental Remote Sensing pela University of Aberdeen (1995) e licenciado em Engenharia Florestal pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (1990).
Desde 2016, é professor coordenador na Escola Superior Agrária, do Instituto Politécnico de Coimbra, onde leciona desde 1990, e Investigador no Centro de Ecologia Funcional.
"Desenvolveu a sua atividade docente na área das Ciências Florestais e nas áreas das Ciências da Terra e do Ambiente. Foi vice-presidente da Escola Superior Agrária, entre 2007 e 2008 e presidente da mesma Escola entre 2010 e 2014. Além destas funções, manteve uma ligação continuada ao movimento associativo florestal, através da participação na direção da Associação dos Produtores Florestais de Alvelos e Muradal e na direção da FORESTIS - Associação Florestal de Portugal", acrescenta a mesma nota.
Recorde-se que em 12 de outubro do ano passado, o Governo demitiu o presidente da empresa pública de gestão florestal Rui Gonçalves, que estava no cargo há pouco mais de um ano, segundo avançou fonte da empresa à Lusa, explicando que o engenheiro, que tinha assumido o cargo em agosto de 2021, "foi demitido" pelo Ministério do Ambiente.
"Por ser um cargo de confiança política, apresentou a sua carta de demissão", esclareceu a mesma fonte.
Fonte oficial do Ministério do Ambiente e Ação Climática apenas indicou, na altura, à Lusa que Rui Gonçalves "apresentou a sua demissão, que foi aceite", cessando funções em 31 de outubro.
Na altura, tanto o presidente cessante da Florestgal, como o Ministério do Ambiente e Ação Climática escusaram-se a prestar quaisquer esclarecimentos sobre a demissão.
Rui Gonçalves foi o segundo presidente na história da Florestgal, criada em 2018, e que teve como primeiro líder o antigo deputado socialista José Miguel Medeiros, que esteve à frente da empresa até 2021, quando João Pedro Matos Fernandes, então ministro do Ambiente, optou por não o reconduzir no cargo.
A empresa, com sede em Figueiró dos Vinhos, foi criada após os grandes incêndios de 2017.
Ouvido posteriormente pela Comissão parlamentar de Agricultura e Pescas, em 06 de dezembro, a requerimento do PSD, Rui Gonçalves, quando questionado pelos deputados sobre a sua demissão, disse: "Saí porque o senhor ministro do Ambiente [Duarte Cordeiro] achou que eu não devia continuar".
Recordando que era "um servidor público", o ex-gestor acrescentou: "Também só o fiz [sair], porque a lei o prescreve, mas acho que a lei está errada".
E, perante os deputados, leu o Estatuto do Gestor Público sobre as razões que justificam uma demissão, não tidas em conta devido a um artigo que admite ser-se "livremente demitido" por "mera conveniência".
No final de setembro, Rui Gonçalves publicou um artigo de opinião no jornal Público, no qual teceu várias críticas ao sistema, apontando para a "inutilidade" que a prevenção estrutural assumiu no fogo deste ano na serra da Estrela e para problemas de descoordenação no combate ao incêndio, com "demasiados agentes" no terreno.
Após a sua saída, o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas explicou que a FlorestGal não estava "sem administração", referindo que que a empresa ficou a ser gerida por duas pessoas "com confiança política e pessoal da tutela", que continuam "exemplarmente" o trabalho de Rui Gonçalves.
A FlorestGal está presente em 27 concelhos, gerindo uma área (própria e arrendada) de 22.259 hectares, segundo dados do Governo. O seu património está avaliado em 36,3 milhões de euros, a que acresce o valor dos ativos biológicos em diferentes estágios de desenvolvimento, estimado em 15,8 milhões de euros.
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