O confinamento imposto aos cerca de 25 milhões de habitantes da cidade, ao longo de mais de dois meses, na primavera passada, isolou Xangai do resto do país, após a metrópole ter já sido desconectada do resto do mundo em 2020, através da suspensão de voos e imposição de um período de quarentena de 14 dias para quem viajava a partir do estrangeiro, afirmou a responsável pelo grupo empresarial europeu, Bettina Schön-Behanzin, durante a apresentação de um relatório.
"Xangai vai agora ser o modelo de como a China reagirá no período pós-pandemia. A recuperação [da economia], após o fim das restrições, não está garantida", frisou Schön-Behanzin.
O rigoroso bloqueio provocou uma queda de 14 por cento no PIB (Produto Interno Bruto) oficial da cidade, no segundo trimestre do ano passado, valor que caiu para apenas 0,2% no conjunto do ano, embora tenha sido a primeira ocasião em que o município experimentou uma contração na atividade económica desde 1978.
As restrições fizeram com que 92% das empresas europeias a operar no município enfrentassem problemas graves nas suas cadeias produtivas. Um número cada vez maior de empresários passou a procurar alternativas noutros países, de acordo com a Câmara de Comércio.
"Singapura é a grande beneficiária (...), com várias multinacionais europeias a mudarem as suas sedes regionais para lá", lê-se no relatório apresentado hoje.
As empresas estrangeiras - que contribuem com um quarto do PIB de Xangai - não estão a deixar a China, mas a estão "isolá-la" das suas operações no exterior.
"As empresas estão agora na China para a China, pois querem ter a certeza de que outro bloqueio ou qualquer outra coisa que possa acontecer não afeta [as suas operações] noutras regiões", apontou o documento.
Após as autoridades chinesas terem desmantelado quase por completo a estratégia 'zero Covid', as empresas europeias voltaram a apelar ao governo local para que proceda a "reformas significativas", se quiser concretizar a sua ambição de converter Xangai numa "verdadeira metrópole internacional", destacou o relatório, enfatizando a remoção de regulações que prejudicam as empresas estrangeiras.
"Vai demorar muito para reconquistar a confiança", disse Schön-Behanzin, afirmando que a "China era o lugar para onde os expatriados queriam ir, mas que, agora, as empresas têm dificuldades em encontrar pessoal que queira trabalhar" no país asiático.
A Câmara de Comércio da União Europeia recomendou que o município avance com planos para atrair e reter talentos, disponibilize apoio financeiro para as pequenas e médias empresas, resolva obstáculos regulamentares para aumentar a atratividade de Xangai para o investimento estrangeiro, torne o ambiente de negócios "previsível" e fortaleça a proteção da propriedade intelectual.
Leia Também: Fim da política 'zero Covid'. China vai regressar às aulas presenciais