As ligações de comboio de alta velocidade estão paradas entre Espanha e França desde que há um ano a empresa francesa de caminhos de ferro SNFC anunciou que não renovaria o acordo com a Renfe para as operações conjuntas das ligações internacionais entre os dois países.
A Renfe solicitou as licenças para operar em França e assegurar as ligações que existiam em conjunto com a SNFC e obteve já as autorizações, tendo hoje feito a primeira viagem de teste com maquinistas espanhóis em território francês, na ligação até Lyon, desde Barcelona.
"Voltaremos a França antes do verão. Conseguimos todas as autorizações num tempo recorde, apesar dos obstáculos franceses", afirmou o diretor de operações de alta velocidade internacional da Renfe, Juan Ricardo Zambrana, em declarações a jornalistas hoje, durante a viagem de teste entre Barcelona e Lyon, citado por meios de comunicação social espanhóis.
Esta será a primeira vez que a Renfe operará sozinha num país fora de Espanha, mas a empresa diz esperar vir a fazer o mesmo noutros mercados, essencialmente, europeus.
O objetivo, segundo o plano estratégico da empresa em vigor, é que 10% das suas receitas tenham origem em mercados internacionais em 2028, tanto na alta velocidade como em ligações ferroviárias suburbanas.
A SNFC argumentou, para acabar com as ligações que fazia em conjunto com a Renfe, que os trajetos não eram viáveis economicamente, algo de que Juan Ricardo Zambrana disse hoje discordar, nomeadamente, pensando num prazo de dois a três anos.
A empresa espanhola espera assegurar 28 ligações semanais no pico da oferta nas ligações com França.
A Renfe espera ainda conseguir autorização para fazer o trajeto entre Barcelona e Paris em alta velocidade.
A empresa espanhola também operou até ao início da pandemia, em 2020, ligações internacionais ferroviárias com Portugal, em acordo com a CP.
No entanto, as duas empresas já anunciaram que a única ligação que então existia, noturna, entre Lisboa e Madrid, que era deficitária, não será retomada.
O Plano Ferroviário Nacional de Portugal, colocado em discussão pública em novembro passado, prevê a linha de alta velocidade a servir as 10 maiores cidades do país, competindo com o avião e o automóvel, bem como várias ligações a Espanha.
Espanha tem a segunda maior rede de alta velocidade do mundo, a seguir à China, com mais de 3.700 quilómetros de extensão.
As viagens de AVE (alta velocidade espanhola) foram inauguradas em 1992 entre Madrid e Sevilha e hoje unem Madrid à maior parte das cidades mais importantes de Espanha.
Além da Renfe, operam ligações de alta velocidade em Espanha duas empresas privadas, a francesa Ouigo e a italiano-espanhola Iryo.
Espanha é o único país europeu com três operadores de alta velocidade no mercado.
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