A Comissão Europeia propôs uma meta para redução do consumo de gás na União Europeia (UE) de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo avançar com redução obrigatória da procura perante alerta. A DECO Proteste alerta que esta medida pode ser mais fácil de cumprir no verão do que no inverno e deixa um alerta relativamente à pobreza energética das famílias portuguesas.
"Durante o verão esta proposta pode até nem parecer difícil de cumprir, mas, com o inverno aí à porta, a medida poderá ser dramática para muitas famílias. É, de facto, necessária mais cautela nos consumos, mas também é preciso garantir que este pedido não será feito a pessoas que, com a situação económica atual, já estejam numa situação difícil", indica a DECO Proteste.
A organização lembra que "cerca de um quinto dos portugueses vive em pobreza energética, e a atual inflação só deverá agravar esta situação", pelo que "dificilmente conseguiremos reduzir os consumos de eletricidade nesta população e, com a expectável subida de custos energéticos, isso pode ocorrer por não terem meios (para se aquecerem, por exemplo)".
Até porque, como explica a DECO Proteste, "para atingir a meta proposta pela Comissão Europeia, na prática, teríamos de consumir menos eletricidade, o que nos diferencia dos países do norte da Europa, em que a utilização de gás natural para aquecimento é muito mais intensa".
"É necessário não deixar ninguém de fora num inverno que, em termos económicos, já se adivinha rigoroso. É também urgente que o Governo adote uma solução estrutural e definitiva para o custo da eletricidade e do gás. O IVA destes serviços públicos essenciais deve descer para 6%, em todas as energias domésticas, em toda a fatura e para todos os consumidores", defende ainda a organização.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, disse, na quinta-feira, que a proposta apresentada pela Comissão Europeia - que propõe um corte de 15% no consumo de gás - "não serve os interesses de Portugal" e que, por isso, o país "não aceita a proposta como ela está" neste momento.
Além de Portugal, também Espanha e Grécia recusam a proposta da Comissão Europeia. O debate do plano europeu de redução de 15% do consumo de gás natural está marcado para o conselho extraordinário de energia da União Europeia da próxima terça-feira.
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