"A comunidade portuguesa na Alemanha é muito diversa, mas tem um padrão: é extremamente respeitada e bem-vista e recolhe consideração e respeito", afirmou à Lusa o diplomata, no âmbito de uma visita do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, à Alemanha, na segunda-feira e hoje.
Os portugueses têm um "historial de grande qualidade e fácil integração", acrescentou.
Os números mais recentes apontam para a existência de cerca de 120 mil portugueses na Alemanha, a maioria a trabalhar em serviços e no comércio, estando a maior comunidade instalada na zona de Dusseldorf.
Este ano, a embaixada vai assinalar os 50 anos da emigração portuguesa na Alemanha com um congresso em Hamburgo, a 06 de junho, que pretende refletir sobre os desafios no presente e no futuro da comunidade.
O embaixador referiu que nos últimos três anos chegaram à Alemanha cerca de 20 mil portugueses, mas outros dez mil regressaram a Portugal no mesmo período.
Almeida Sampaio salientou que ser embaixador na Alemanha é um "trabalho de 24 horas por dia".
"A Alemanha está no centro dos grandes debates europeus, foi-se tornando no país mais importante da União Europeia e Berlim é o epicentro da política europeia e internacional", referiu.
O embaixador disse estar em contacto permanente com o Governo e o parlamento alemães, com os partidos políticos e com atores da sociedade civil e das organizações não governamentais, além das frequentes deslocações a outras cidades para contactos com os portugueses.
Falando à Lusa em Berlim, o diplomata explicou que a comunidade portuguesa na capital é diferente da do resto do país, sendo predominantemente composta por emigrantes ligados às artes e aos meios académicos.
É o caso de Ângela Relógio, investigadora na Faculdade de Medicina de Berlim, a maior a nível europeu, que acaba de receber um financiamento de 1,5 milhões de euros para uma pesquisa sobre a relação do funcionamento do relógio circadiano e o cancro, e outro prémio, de 50 mil euros mais 30 mil para investigação, atribuído pelo governo alemão a mulheres na área científica, a que era a única candidata não alemã.
Casada com um alemão e com dois filhos, de 09 e 07 anos, a investigadora elogia Berlim, " uma cidade fantástica e muito europeia, que não tem muito a ver com a cultura alemã".
Sílvia Melo-Pfeifer é uma das duas professoras catedráticas portuguesas na Alemanha, lecionando na área didática de línguas e formação de professores.
Chegou à Alemanha há sete anos, "à aventura", com o namorado alemão e entretanto já teve dois filhos, agora com cinco e dois anos. Sobre Berlim, destaca a "qualidade de vida difícil de compreender" e a grande oferta cultural.
Há três anos em Berlim, depois de uma outra experiência na Alemanha entre 1996 e 1998, Carlos Jorge Santos é o diretor do hotel Pestana, o único da cadeia hoteleira portuguesa na Alemanha.
O responsável garante que é um projeto "de sucesso", procurado para viagens de negócios durante a semana e pelo turismo, predominantemente alemão, ao fim-de-semana, e o grupo já está a estudar a abertura de uma nova unidade em Hamburgo.
O emigrante português nota as diferenças na cidade nas últimas décadas: "Nos anos 90, ainda se vivia à sombra do muro de Berlim, havia uma grande separação entre as duas partes da cidade. Agora, a parte leste é que está na moda".