"Segundo os nossos dados, por ano, de 2020 a 2022, Cabo Verde deve perder cerca de 20 mil milhões de escudos cabo-verdianos de receitas públicas (181 milhões de euros). Em termos acumulados, estamos a falar de mais de 60 mil milhões de escudos cabo-verdianos (mais de 544 milhões de euros)", avançou Olavo Correia.
O também ministro das Finanças referiu que em cada um dos três anos (2020, 2021 e 2022) o país teve perda de receitas de 20 mil milhões de escudos (181 milhões de euros), pelo que agora tem de começar a criar condições para o financiamento dos custos da pandemia.
"Isso não pode ser financiado apenas com recurso ao endividamento externo e com os donativos, tem de ser financiado também com recurso à mobilização de mais receitas no plano interno", apontou, considerando que seria o mais credível e que o país estaria a dar um bom sinal na gestão dos custos da pandemia.
O Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2022 é de 662 milhões de euros (73 mil milhões de escudos cabo-verdianos) e prevê um crescimento entre até 6%, para fazer a ponte entre a pandemia e a retoma económica, conforme dados apresentados pelo também vice-primeiro-ministro.
A proposta tem uma redução de 2% no valor, que o ministro justificou com a necessidade de "dar um sinal" na diminuição das despesas públicas, para garantir um quadro orçamental sólido.
"Falamos de despesas públicas de funcionamento, que são adiáveis, que não põem em causa o essencial do compromisso do Estado com a Educação, a Saúde, a Segurança ou com a Proteção Social", justificou.
O orçamento, prosseguiu a mesma fonte, é financiado na sua maioria pelos impostos, que aumentam 25,6%, os donativos, mesmo diminuindo 24,2%, e os empréstimos, que também terão uma redução, de 44,9%.
A nível da alocação dos recursos do Orçamento do Estado para 2022, a maior parte vai para os serviços públicos gerais (26,6%), seguida da Educação (15,7%), Proteção Social (13,8%), Assuntos Económicos (11,6%), Saúde (11%), Segurança e Ordem Pública (7,9%), Habitação e Desenvolvimento Urbanístico (6,2%), Proteção Ambiental (4,6%).
Segundo o ministro das Finanças, para o próximo ano prevê-se um crescimento económico entre 3,5% e 6%, depois das previsões entre 6,5% e 7% este ano e da forte recessão económica de 14,8% em 2020, por causa dos efeitos da pandemia da covid-19.
Já a inflação deverá situar-se entre 1,5% e 2%, o défice orçamental ainda negativo (- 6,1%), dívida pública de 150,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e taxa de desemprego a reduzir para 14,2%, depois de 14,5% nos últimos dois anos.
De acordo com o número dois do Governo, o orçamento para 2022 "é um dos mais desafiantes da história económica e social de Cabo Verde" e pretende aproveitar a tendência positiva do exterior, com o crescimento mundial previsto para 6% em este ano e 4,9% em 2022.
Desde o início da pandemia, Cabo Verde registou um total de 37.718 casos de Covid-19 e 345 mortes.
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