A Compelmada Internacional, detida pelo Grupo FTM, de Francisco Tavares Machado, está "a passar por momentos complicados", assumiu à agência Lusa o responsável pela empresa, João Pedro Machado.
A suspensão dos contratos de 34 funcionários foi, segundo o gestor, uma forma de "dar à administração algum, pouco, tempo" para resolver os problemas da empresa, entre os quais a falta de trabalho.
"Nós tínhamos uma obra grande, que era para ser realizada para o Brasil, que por motivos políticos do próprio cliente nos foi retirada, o que criou aqui um hiato de tempo, até aparecerem novas encomendas, um pouco complicado", explicou João Pedro Machado.
Com a escassez de trabalhos na área da metalomecânica em Portugal, o responsável está com os olhos postos no mercado internacional e afiança que "estão a começar a aparecer projetos interessantes, principalmente para países de leste, como a Rússia".
A empresa está na fase final de um concurso para uma obra "que poderá trazer um enorme desafogo" e permitir "voltar a chamar os trabalhadores para exercerem as suas funções", bem como "liquidar tudo o que está em atraso".
Atualmente, os cerca de 80 funcionários da Compelmada Internacional têm dois salários em atraso, indicou João Pedro Machado, o mesmo acontecendo com os perto de 40 trabalhadores da Metalsines, outra empresa do Grupo FTM sediada em Sines.
Na Metalsines, especializada no fabrico de vagões para transporte ferroviário, "há também [problemas], mas são de mais fácil resolução", por ter "uma estrutura mais pequena".
Segundo o gestor, há também dívidas à Segurança Social e às Finanças, entidades com as quais a empresa está a negociar o estabelecimento de planos de pagamento.
Apesar da situação da empresa, "não está na mente dos acionistas, nem da administração, fechá-la", frisou o responsável.
"Quem anda há um ano a despender de fundos próprios para liquidação de obrigações da empresa é porque não quer minimamente que feche", reforçou.
Contactado pela Lusa, Daniel Silvério, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (Site Sul), confirmou que a Compelmada Internacional está com "falta de trabalho", mas mostra "vontade de resolver os problemas".
"Os ordenados do ano passado foram quase todos pagos do bolso [do proprietário da empresa]", corroborou o sindicalista.
O Site Sul, que representa alguns dos trabalhadores da empresa, não está "muito de acordo" com a suspensão dos contratos de trabalho.
"Mas, tendo em conta que é para tentar, de alguma forma, salvaguardar postos de trabalho, nós não nos metemos", afirmou Daniel Silvério.