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Myanmar está à beira de colapso económico, alertam agências de rating

Dois meses depois de ter sofrido um golpe de Estado, Myanmar está à beira de um colapso económico e de uma guerra civil, considerou hoje a agência de classificação da dívida do país Fitch Solutions.

Myanmar está à beira de colapso económico, alertam agências de rating
Notícias ao Minuto

13:19 - 06/04/21 por Lusa

Economia Rating

De acordo com a agência de 'rating', a riqueza produzida (Produto Interno Bruto -- PIB) poderá cair 20%, já que grande parte das atividades económicas estão paralisadas, devido às greves dos trabalhadores que fazem parte do movimento de desobediência civil que contesta a junta militar, no poder desde que realizou um golpe, em 1 de fevereiro, afastando o Governo eleito de Aung San Suu Kyi.

O país está em estado de caos, com protestos diários, greves e a violência das forças de segurança, que já provocou mais de 570 mortes entre civis -- o que gerou uma onda de sanções internacionais.

As tensões em Myanmar (antiga Birmânia) "aumentaram significativamente em março, com o exército a intensificar o uso de força letal contra manifestantes e civis", descreveu a Fitch, acrescentando acreditar que "a alta instabilidade social no país vai paralisar todos os aspetos do PIB".

A agência refere que a situação no país, de 54 milhões de habitantes, "ultrapassou o ponto de incerteza", pelo que uma projeção conservadora para a sua economia estima uma contração de 20% do PIB neste ano (que começou em outubro) em vez da descida de 2% que previa antes do golpe.

O Banco Mundial também avançou, no mês passado, com uma previsão de queda de 10% em 2021.

O país, um dos mais pobres do Sudeste Asiático, abriu-se ao investimento estrangeiro em 2011, quando a transição democrática começou, e registou um rápido crescimento desde então.

"A economia da Birmânia não é grande, mas teve um bom desempenho nos últimos anos. Entre 2011 e 2018, o PIB manteve um crescimento real médio de 7% ao ano", disse o analista responsável pela região Ásia-Pacífico de outra agência de 'rating', a Moodys.

Segundo este especialista, embora o crescimento tenha desacelerado em 2020 devido ao colapso das exportações causado pela pandemia de covid-19, esperava-se que este ano houvesse uma boa recuperação.

O desastre económico não parece, no entanto, preocupar a junta militar, que, além de continuar a impor medidas repressivas como a morte de civis, a detenção e tortura de dissidentes e o bombardeamento de áreas controladas por guerrilhas que apoiam os manifestantes, determinou um bloqueio da Internet, com um impacto decisivo na economia digital.

Além disso, a maioria das agências bancárias foi fechada desde o golpe de 1 de fevereiro, impedindo o pagamento de remunerações e quaisquer transações financeiras, além de fazer com que os clientes retirem dinheiro em massa dos bancos.

"A situação dos bancos é muito má. Não temos acesso a fundos nem conseguimos pagar aos nossos funcionários", explicou a presidente executiva da concessionária de automóveis e produtos de petróleo Aung Thein Than, Aye Tun, ao portal Frontier Myanmar, acrescentando que não pode reduzir mais as suas operações para diminuir os custos.

As queixas são semelhantes noutros setores.

"As fábricas não podem funcionar porque quase não há trabalhadores. Aproximadamente 70% dos funcionários do setor de vestuário pararam de trabalhar", referiu o secretário da Associação de Produtores de Vestuário de Burma, Yin Yin Moe.

"O setor de vestuário depende das compras de países ocidentais, mas, na situação em que estamos, os pedidos não vão chegar e as fábricas não terão outra escolha se não fechar", adiantou, lembrando que o setor emprega entre 500.000 e 700.000 pessoas e é vital para o crescimento da economia birmanesa.

Além da situação interna, a economia de Myanmar é cada vez mais afetada pelas reações externas à violência crescente da junta militar relativamente aos manifestantes, enfrentando uma vaga de sanções económicas de potências ocidentais como os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia.

O principal alvo tem sido os interesses económicos dos militares, que são controlados por dois grandes grupos de Myanmar -- a Economic Holding Limited (MEHL) e a Myanmar Economic Corporation (MEC) -, que têm atividade nos setores de transportes locais, turismo, tabaco e empresas de mineração.

Estas sanções, além de prejudicarem o bolso dos dirigentes militares, têm um forte impacto nos cofres estaduais, já que, por exemplo, a MEHL é o segundo maior contribuinte do país.

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