A decisão destes quatro conselheiros surge pouco depois que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ter anunciado de surpresa que o general reformado do Exército Joaquim Silva e Luna será o novo presidente da petrolífera estatal.
Nesse contexto, a Petrobras informou, em nota enviada ao mercado, que João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo César de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha pediram para deixar os seus cargos, apesar de todos terem sido convidados a continuarem no Conselho de Administração da empresa.
Os dois primeiros mencionaram "motivos pessoais" no comunicado divulgado pela Petrobras, enquanto Souza e Silva frisou que seu mandato está a terminar e que prefere não ser reeleito pelos acionistas.
Já Carneiro da Cunha criticou a mudança na liderança da Petrobras, que é estatal, mas com ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque e Madrid.
"A mudança proposta pelo acionista maioritário [Governo brasileiro], embora contemplada por preceitos societários, não condiz com as melhores práticas de gestão, nas quais procuro orientar a minha trajetória de negócios", afirmou Carneiro da Cunha na nota emitida pela Petrobras.
Na sequência dessa alteração e "das posições expressas pelo mais alto representante do acionista controlador", Carneiro da Cunha acrescentou que não se sente em condições de "aceitar a reeleição" do seu nome como membro do Conselho de Administração da Petrobras.
Bolsonaro criticou publicamente a gestão da Petrobras e chegou a criticar que o presidente cessante da empresa, o economista Roberto Castello Branco, estivesse a trabalhar a partir de casa há "onze meses" devido à pandemia.
O Presidente brasileiro também tem mostrado repetidas vezes o seu desconforto com o aumento dos combustíveis porque tem sido pressionado pelos motoristas de camiões.
A gasolina acumula uma subida de 41% no Brasil só neste ano, enquanto o gasóleo disparou 34%.
A mudança da presidência da Petrobras, que ainda não foi ratificada pelo Conselho de Administração, foi interpretada pelo mercado financeiro como uma interferência de Bolsonaro na petrolífera e causou pesadas perdas nas ações da empresa.
As últimas decisões de Bolsonaro em relação à Petrobras levantaram dúvidas entre os investidores sobre o seu suposto compromisso com uma agenda económica liberal e não intervencionista, que assumiu na campanha eleitoral de 2018.
Leia Também: Polícia prende grupo que roubava combustíveis de subsidiária da Petrobras