A decisão de baixar o rating da dívida soberana de longo prazo em moeda local e estrangeira de 'B' para 'B-', ambos em nível considerado de lixo, é justificada pela S&P com o "efeito prolongado" da pandemia de covid-19 na economia de Cabo Verde.
"Deixará uma grande e prolongada mossa nas contas fiscais e externas do país", lê-se na nota que acompanha a decisão, que por outro lado mantém os ratings de curto prazo no nível 'B'.
Os analistas da S&P apontam que a pandemia reduziu "severamente" as receitas de exportação com o turismo a Cabo Verde e "aumentou significativamente o défice da conta corrente", mas assumem que a perspetiva é "estável", com uma "recuperação económica gradual".
Contudo, com menos receitas em moeda estrangeira, através do turismo, o pagamento das obrigações de Cabo Verde de uma dívida externa "grande e a crescer" será "mais desafiador", reconhecem.
A S&P estima que Cabo Verde tenha fechado 2020 com uma recessão económica de 14,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e que só em 2024 voltará aos níveis de crescimento de 2019, devido à "abrupta paragem" do turismo no arquipélago.
O turismo garante 25% do PIB de Cabo Verde, com um recorde de 819 mil turistas em 2019, mas o setor está praticamente parado desde março de 2020, devido às restrições impostas para conter a pandemia de covid-19, com o Governo a estimar a duplicação da taxa de desemprego, para cerca de 20% atualmente.