"A produção económica na região da África subsaariana deverá ter-se contraído 3,7% em 2020, com a pandemia e os confinamentos a prejudicarem a atividade económica", lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Globais, que piora a previsão anterior, de um crescimento de 3,1% este ano.
"Como consequência, o PIB [Produto Interno Bruto] per capita caiu 6,1% em 2020, tirando aos padrões de vida pelo menos uma década em cerca de um quarto da economia da região", acrescenta-se no relatório divulgado hoje em Washington.
Os países mais atingidos foram os exportadores de petróleo, incluindo os lusófonos Angola e Guiné Equatorial, e os dependentes do turismo, como Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe, para além dos países com um elevado número de casos, entre os quais a África do Sul, o país mais atingido nesta região.
Para este ano, o Banco Mundial prevê uma recuperação de 2,7%, salientando que "enquanto a recuperação no consumo privado e investimento deverá ser mais lenta que o anteriormente previsto, o crescimento das exportações deverá acelerar gradualmente, em linha com a recuperação da atividade nos principais parceiros comerciais".
Ainda assim, o PIB per capita deverá cair novamente este ano, à volta de 0,2%, o que, salienta o Banco Mundial, "coloca os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ainda mais fora do alcance de muitos países na região e empurra dezenas de milhões de pessoas para uma situação de pobreza externa neste e no ano passado".
A nível global, o Banco Mundial reviu em baixa a projeção do crescimento da economia global para 4% em 2021, esperando ainda uma contração de 4,3% em 2020.
"Depois de um colapso no ano passado causado pela pandemia de covid-19, a produção económica mundial deverá expandir-se 4% em 2021, mas permanecer 5% abaixo das projeções pré-pandemia", refere o relatório.
Face aos números anteriormente projetados, em junho, a instituição liderada por David Malpass reviu em baixa, em 0,2 pontos percentuais (p.p.), a estimativa para o crescimento de 2021, mas reviu em alta a estimativa de 2020 em 0,9 p.p., perspetivando um crescimento de 3,8% para 2022.
Nas perspetivas para 2021, o Banco Mundial identifica ainda alguns riscos à sua projeção, como por exemplo "a possibilidade de um aumento maior dos casos do vírus, atrasos na aquisição e distribuição de vacinas, efeitos mais severos e duradouros no produto potencial devido à pandemia, e 'stress' financeiro acionado pelas dívidas altas e fraco crescimento".
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.854.305 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em África, há 67.928 mortos confirmados e mais de 2,8 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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