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Dinamismo do mercado interno impulsiona faturação da portuguesa Tensai

A fabricante portuguesa de equipamentos de frio Tensai prevê aumentar a faturação de 21,4 milhões de euros em 2019 para 23 milhões este ano, com o dinamismo do mercado interno a manter estável, nos 80%, o peso das exportações.

Dinamismo do mercado interno impulsiona faturação da portuguesa Tensai
Notícias ao Minuto

12:56 - 18/10/20 por Lusa

Economia Tensai

Em entrevista à agência Lusa, a diretora financeira da Tensai Indústria, Daniela Fernandes, explicou que o peso das exportações deverá manter-se estável, apesar do aumento previsto das vendas, refletindo o inesperado crescimento, na ordem dos 10 a 15%, da faturação no mercado nacional, impulsionado pela pandemia de covid-19.

"Este ano, devido à pandemia, houve claramente um aumento da procura de arcas congeladoras para uso doméstico. Esta situação veio despertar nas pessoas uma necessidade de ter condições para armazenar comida, portanto houve um acréscimo muito grande em toda a Europa na procura de congeladores horizontais e tivemos uma subida, nomeadamente no mercado nacional, das vendas deste tipo de equipamento", referiu.

De acordo com a diretora financeira da Tensai, a pandemia refletiu-se também na estratégia de segmentação das vendas da empresa, que exporta sobretudo para mercados do Médio Oriente e de África.

Durante muitos anos exclusivamente focada no fabrico de equipamentos de frio para uso doméstico, há cinco anos -- numa altura em que este mercado passou "uma fase bastante complicada", devido à concorrência chinesa -- a Tensai juntou à sua gama soluções específicas para aplicações comerciais, designadamente na área hospitalar, farmacêutica e da restauração/hotelaria, e está desde então apostada no crescimento deste segmento do negócio.

"Nos últimos anos fizemos um investimento grande no mercado profissional, que era um mercado desconhecido para nós e que hoje representa cerca de 10% das vendas. Ainda não é muito significativo, mas a nossa intenção é continuar a desenvolver mais gama profissional", explicou.

E se, até março passado, "tudo estava a correr muito bem" na expansão deste segmento, a pandemia levou a uma "quebra substancial" nas vendas de equipamentos para a hotelaria, restauração e cafés, cuja atividade foi fortemente impactada, ao mesmo tempo que impulsionou um "crescimento muito grande no segmento doméstico", não previsto pela empresa.

"Este foi um ano bastante atípico, porque esperávamos um crescimento, mas em mercados diferentes daqueles em que o obtivemos. Vamos ver o próximo ano, mas penso que a tendência vai ser a mesma deste ano, ou seja, 2021 não deverá ser muito bom para o segmento profissional e só vamos tentar manter os números de 2019, depois da quebra deste ano", referiu Daniela Fernandes.

Apesar da grande instabilidade a nível global, a diretora financeira da Tensai diz acreditar num novo crescimento da faturação em 2021: "Neste momento é tudo muito incerto e os próprios clientes estão com algum receio de programações a longo prazo, mas, se tudo permanecer dentro daquilo que estamos à espera, acredito que teremos uma subida na ordem de um milhão de euros no próximo ano", disse.

Este crescimento deverá assentar "essencialmente na consolidação dos atuais mercados" da Tensai, que ainda assim espera estrear-se nalguns novos mercados europeus, como a Alemanha, sobretudo no segmento profissional.

Já a expansão para outros países, onde as vendas da Tensai são maioritariamente de equipamentos para uso doméstico -- deverá ficar em 'stand by'.

"Neste momento, a situação económica do mundo inteiro está muito instável e as pessoas têm muito receio de avançar com previsões. No imediato o mercado está muito ativo, toda a gente quer material e quer aproveitar este momento, mas ninguém se compromete com o programações a longo prazo, o que nos causa alguma insegurança do que devemos aprovisionar", admite a responsável.

Com sede em Leça da Palmeira, Matosinhos, onde estão localizados os escritórios e a estrutura administrativa da empresa, a Tensai produz na sua fábrica de Estarreja tudo o que vende para os 70 países onde atua, com destaque para o Médio Oriente e África.

"Os nossos principais mercados em volume estão no Magrebe (nomeadamente Argélia, Marrocos e Líbia). Espanha também tem um peso interessante na nossa carteira de clientes, mas noutras quantidades, e durante muitos anos o principal mercado foi Angola, mas desde há uns cinco anos reduziu drasticamente, quase a zero", disse Daniela Fernandes.

Em Marrocos, o crescimento da Tensai disparou nos últimos anos, na sequência da taxa 'antidumping' que este país passou a aplicar sobre os produtos turcos e asiáticos e que deixou de fora os produtores europeus.

"Marrocos tem fabrico local de frigoríficos e quis proteger o fabrico local. Tivemos a sorte de a Europa não estar incluída nesta taxa e por essa razão tivemos aí uma oportunidade de entrada", explicou.

Para o crescimento das vendas para Marrocos e dinamização das exportações em geral, a Tensai diz ter sido fundamental o seguro de crédito com garantia do Estado prestado pela COSEC, ao qual recorreu pela primeira vez em 2019.

"Há sempre uma necessidade de evoluir e de aumentar os negócios e temos que ter o menos risco possível no que concerne a pagamentos. As habituais cartas de crédito, além de serem bastante caras, têm o inconveniente, no caso de Marrocos (que tem um tempo de trânsito do material muito curto) de demorarem algum tempo, pelo que chega lá primeiro material e só depois os documentos, o que para o cliente traz um custo acrescido de paralisação dos contentores na doca", disse Daniela Fernandes.

Segundo a responsável financeira, o contacto com a COSEC "resultou precisamente dessa necessidade do mercado de Marrocos", mas, entretanto, já se alargou a várias outras operações da empresa.

De acordo com dados avançados à Lusa pela COSEC, em 2019 estas operações "potenciaram exportações de mais de três milhões de euros, o que representa cerca de 16% do volume de negócios" da Tensai, destinando-se sobretudo aos mercados de Marrocos e da África do Sul, tendo o primeiro representado um peso de 60% no volume total de garantias emitidas à empresa com garantia do Estado.

A capacidade técnica da Tensai em desenvolver equipamentos de frio específicos, de alta eficiência, e com elevada componente de I&D; o interesse da operação com uma componente nacional importante, baseada na produção de equipamentos de frio a partir da unidade industrial de Estarreja; e a ausência de soluções de seguro de créditos privadas para a cobertura de alguns mercados de maior risco em que a empresa atua foram os fundamentos para a cobertura com garantia do Estado português.

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