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Produtores de cereja do Fundão pedem apoio ao Governo

Os produtores de Cereja do Fundão apelam à intervenção do Governo para ajudar a minimizar os "elevados prejuízos" que vão ter devido a quebras de produção entre os 50 a 70% provocadas pelas condições meteorológicas "extremas" deste ano.

Produtores de cereja do Fundão pedem apoio ao Governo
Notícias ao Minuto

08:30 - 08/05/20 por Lusa

Economia Fundão

"Isto não é provocado pela pandemia, mas as consequências são semelhantes. É um carrossel. Nós perdemos, os trabalhadores perdem e a economia local perde. Quem de direito tem mesmo de olhar para isto", apontou à agência Lusa Luís Xavier, proprietário da empresa "Frutas Sintra da Beira", localizada em Alpedrinha, concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco.

Considerada a principal zona de produção de cereja a nível nacional, o Fundão registou este ano condições meteorológicas "extremas", entre final de março e início de abril, com neve, chuva intensa, queda de granizo e geada fora de tempo.

Numa primeira estimativa, a Câmara do Fundão apontou para perda global de cereja superior a 50%. Todavia, os danos têm vindo a avolumar-se e há produtores a apontarem quebras que podem ultrapassar os 70%.

A Cerfundão, organização de produtores do concelho, começou a receber cereja esta semana e também já prevê um decréscimo na ordem dos 70%.

"Este será um ano muito complicado. Temos uma pandemia comunitária e uma calamidade na produção, pelo que teremos um grande desafio pela frente, sempre focados na qualidade e valorização", resume o diretor comercial da Cerfundão, Luís Pinto.

Luís Xavier tem a produção reduzida a cerca de dez toneladas: "É preciso um coração de aço", diz, enquanto aponta para o pomar. Há árvores praticamente despidas, outras com cereja rachada e outras em que o fruto não chegou a formar-se, porque "abortou", devido à chuva.

A produzir cereja há 15 anos, Patrique Martins não se lembra de um ano tão difícil e também apela à intervenção do Governo. Sugere a possibilidade de um valor por hectare, porque "todas as ajudas serão poucas".

Se tudo tivesse corrido bem, este produtor poderia ter uma produção de 75 toneladas. Assim, não conta passar das 20 a 25, se o tempo não trouxer mais complicações.

Além disso, a campanha deste ano terá menos gente a trabalhar, será mais curta e a economia local perderá, já que a produção de cereja injeta dinheiro direta e indiretamente nos negócios da região.

Sara Martins também espera que a tutela possa olhar para esta situação.

"Para a prevenção da covid-19, ainda pudemos comprar máscaras e viseiras. Já quanto ao tempo, não conseguimos fazer nada. Não está nas nossas mãos", lamenta.

Com 11 hectares de pomar instalados há apenas seis anos, esta seria a primeira campanha em que Sara Martins teria uma produção em pleno. Contava chegar às 30 toneladas. Agora, a estimativa não ultrapassa as dez, "ou menos".

"A previsão meteorológica dá chuva e trovoada para dez dias seguidos. Até o que vingou está em risco", frisa, lembrando que, tal como em muitos casos no concelho, este projeto é a única fonte de rendimentos para ela e para Hugo Ramos (o marido). E que as contas "vão continuar a chegar".

Ao nível da comercialização, estes produtores acreditam que a cereja será escoada, até porque haverá menos e a que vingou mantém a qualidade, mas estão ainda apreensivos com o impacto que a crise pandémica possa ter no poder de compra e no preço final do produto.

De acordo com a autarquia local, a produção de cereja representa mais de 20 milhões de euros anuais na economia local. Num ano normal, poderá chegar às sete mil toneladas, este ano ficará pelas três mil. Ou menos.

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