Fed corta taxas de juro com divisões internas e em contexto de incerteza
O banco central dos EUA, a Reserva Federal (Fed), profundamente dividido, desceu na quarta-feira a sua taxa de juro de referência, pela segunda vez este ano, declinando sinalizar mais cortes até dezembro.
© Getty Images
Economia Fed
A decisão da Fed cortou a taxa de juro de curto prazo, que influencia parte importante dos créditos às empresas e aos particulares, em um quarto de ponto percentual, colocando-a no intervalo situado entre 1,75% e 2%.
A decisão foi aprovada por sete votos contra três, com dois dirigentes a preferirem manter as taxas sem alteração e um a defender um corte maior, de meio ponto percentual.
As divisões no comité da política monetária (FOMC, na sigla em inglês) ilustram os desafios para o presidente da Fed, Jerome Powell, em dirigir a instituição em tempos de elevada incerteza económica.
A Fed deixou a porta aberta a adicionais descidas das taxas se, como Powell acentuou durante a conferência de imprensa subsequente à reunião do FOMC, a economia norte-americana enfraquecer.
Por enquanto, sugeriu, o crescimento económico dos EUA parece sustentado pelo 11.º ano, com um mercado de trabalho sólido e um continuado consumo das famílias.
Ao mesmo tempo, a Fed procura combater ameaças que incluem incertezas provocadas pela guerra comercial do Presidente norte-americano, Donald Trump, com a China, pela redução do ritmo de crescimento global e por uma queda na indústria norte-americana.
A Fed explicou no seu comunicado que o investimento empresarial e as exportações enfraqueceram.
Os mercados bolsistas fecharam maioritariamente em alta, depois do anúncio da decisão da Fed, se bem que os investidores estejam divididos quanto à necessidade de mais cortes nas taxas de juro por parte da Fed.
Durante a sua conferência de imprensa, Powell reconheceu que os dirigentes da Fed estão profundamente divididos sobre a melhor decisão quanto às taxas de juro, devido em particular a incertezas, como os conflitos comerciais, cuja evolução está fora do controlo da Fed.
"Este é um tempo de julgamentos difíceis e perspetivas diferentes", disse Powell.
Em todo o caso, vários líderes empresariais estão céticos quanto à possibilidade de a taxa de juro ter um grande efeito económico.
O corte da taxa de juro feito na quarta-feira "não faz praticamente qualquer diferença para a economia norte-americana em si ou por si", afirmou Jamie Dimon, presidente executivo da JPMorgan Chase, que sugeriu, à semelhança de outros chefes de empresa, que as guerras comerciais de Trump são a ameaça dominante.
Entre os desafios de Powell estão as incertezas ligadas às guerras comerciais que dificultam o estabelecimento de uma taxa de juro para os próximos meses.
"Não faz sentido haver um compromisso com um rumo político quando a política monetária está a responder agora a desenvolvimentos futuros na política comercial", afirmou Bill Adams, economista na PNC Financial Services.
O corte da taxa de juro decidido agora irritou Donald Trump, que queria mais e atacou Powell.
Questionado sobre esta reação de Trump, Powell declinou responder diretamente, mas acrescentou que a independência antiga da instituição "tem servido bem o público".
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