Os reguladores chineses aprovaram já 25 empresas que operam em áreas vistas pela liderança comunista como chave para a prosperidade e elevação do estatuto global do país, para negociarem no STAR Market, da Bolsa de Xangai.
Inspirado no norte-americano NASDAQ, o STAR Market reflete o desejo do Partido Comunista Chinês de canalizar capital privado para os seus planos de desenvolvimento, dando aos pequenos investidores chineses uma oportunidade de comprar títulos em indústrias de tecnologia que até agora se voltaram para Wall Street.
"O papel importante do novo mercado é fornecer um canal de captação de recursos para a inovação científica e tecnológica da China", considerou o economista Lu Zhengwei, do Industrial Bank, em Xangai.
As bolsas de valores da China, em Xangai e Shenzhen, foram criadas no início dos anos 90 para arrecadar dinheiro para a indústria estatal, e passaram mais tarde a incluir empresas privadas, mas continuam a ser dominadas por empresas sob tutela do governo, como a PetroChina Ltd. e a China Mobile Ltd.
Privadas como os gigantes do comércio eletrónico Alibaba e JD.com, ou o motor de busca Baidu, emitiram milhares de milhões de dólares em títulos em Wall Street, numa operação inconveniente e cara para empresas mais pequenas.
As empresas que ainda não registaram lucros podem negociar no novo mercado se gastarem pelo menos 15% das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento ou se tiverem drogas ou outras tecnologias num estágio avançado de desenvolvimento.
Permitir que as empresas vendam ações antes de se tornarem lucrativas encorajará o desenvolvimento do capital de risco chinês, considerou Lu.
O valor das ações no novo mercado pode oscilar até 30%, antes de os reguladores imporem uma suspensão de 10 minutos. Nas principais praças financeiras chinesas, os títulos deixam de ser negociados durante o resto da sessão, caso subam ou desçam 10%.
O lançamento do novo mercado surge numa altura de crescentes tensões entre China e Estados Unidos, em torno de disputas comerciais.
Em causa está o plano "Made in China 2025", impulsionado pelo Estado chinês, e que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA condenam a transferência forçada de tecnologia por empresas estrangeiras, em troca de acesso ao mercado, a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.