Julio Corrochano tem 15 dias para pagar esta quantia, caso contrário será preso, de acordo com a medida adotada pelo juiz da Audiência Nacional, um tribunal que trata dos casos mais graves de delito financeiro, a pedido da Procuradoria-geral Anticorrupção.
Uma vez depositado o dinheiro, e como medida cautelar, o seu passaporte ser-lhe-á retirado, ficando proibido de sair de Espanha e com a obrigação de comparecer mensalmente no tribunal mais próximo da sua residência.
Julio Corrochano faz parte de um grupo de nove dirigentes antigos e atuais do BBVA, o segundo maior banco espanhol, que foram chamados pela primeira vez na quinta-feira e hoje ao tribunal por um alegado delito de escutas ilegais encomendadas a um também ex-comissário da polícia envolvido noutros casos muito polémicos em Espanha.
O juiz Manuel García Castellón, da Audiência Nacional, quis interrogá-los por serem suspeitos de terem cometido crimes de "corrupção ativa e revelação de segredos".
Corrochano decidiu exercer o seu direito de não prestar declarações, assim como fizeram vários outros suspeitos.
Entre os nove chamados a prestar declarações estão também Angel Cano, que foi presidente do BBVA entre 2009 e 2015, um ex-diretor das operações de risco, um ex-diretor financeiro e um ex-contabilista-chefe.
Os três últimos ainda ocupam altos cargos na entidade bancária que também está presente em Portugal.
O juiz adiou a declaração de Angel Cano, que alegou estar em viagem no estrangeiro e não poder deslocar-se à Audiência Nacional.
O banco já tinha reconhecido em janeiro último que tinha utilizado os serviços do grupo Cenyt do polémico ex-comissário da polícia José Manuel Villarejo, que está no centro de inúmeros casos que têm abalado as altas esferas do país, inclusivamente a família real espanhola.
Este ex-polícia, que está detido desde novembro de 2017, gravou as conversas que teve ao longo dos anos com líderes políticos, magistrados e líderes empresariais sem o conhecimento destes, sendo agora acusado de usar essas gravações para os chantagear.
No total, Villarejo teria acumulado o equivalente a "três meses ininterruptos de programas de rádio", revelou em outubro de 2018 a ministra da Justiça espanhola, Dolores Delgado, que também foi alvo das gravações ilegais.
O BBVA teria, alegadamente, utilizado os serviços do ex-comissário de polícia em 2004 e tido acesso a milhares de telefonemas de jornalistas e personalidades altamente colocadas do mundo político e económico, com o objetivo de impedir que o grupo imobiliário Sacyr entrasse no seu capital social.
Em janeiro passado, o banco, que anteriormente tinha aberto uma investigação interna sobre o caso, negou ter "encontrado qualquer documentação que refletisse o seguimento e a apreensão de comunicações privadas" durante o inquérito inicial.
No entanto, o caso forçou o presidente do banco de 2000 a final de 2018, Francisco González, a renunciar no início de 2019 a todos os seus cargos, inclusivamente os honoríficos, no seio do banco.