"Tivemos um apoio excelente de todos os acionistas perante a necessidade de o banco aumentar o seu capital e decidimos fazer outra reunião para acertar os últimos detalhes, que será em setembro em Sharm el-Sheik, no Egito, e depois faremos uma reunião extraordinária de todos os acionistas em outubro, em Abidjan, onde tomarão a decisão final sobre os cenários de financiamento do aumento de capital", disse o presidente do BAD, Akinwumi Adesina.
Na conferência de imprensa que marca o encerramento dos Encontros Anuais do Banco, que decorreram até hoje em Malabo, Adesina não confirmou quais os cenários nem qual o aumento de capital que o banco deverá ter por parte dos acionistas, mas de acordo com as informações recolhidas pela Lusa, o mais provável é que o capital social seja aumentado em 150%, o cenário intermédio das três hipóteses avançadas pelo Banco.
"África não pode pensar pequeno, o desenvolvimento precisa de grandes instrumentos, o continente tem de acelerar o desenvolvimento económico", argumentou o antigo ministro da Agricultura da Nigéria, para defender o reforço financeiro das operações do banco.
Já no próximo mês haverá outra reunião para restabelecer o Fundo Africano de Desenvolvimento, destinado aos países mais pobres, anunciou também o banqueiro: "Haverá uma reunião em Madagáscar em julho, durante a qual vamos discutir com os nossos doadores a renovação financeira do Fundo", disse, vincando que "está tudo bem encaminhado" e salientando que este Fundo "é essencial para os países mais frágeis e é crítico para os de baixo rendimento".
No encontro que manteve com os jornalistas no final de quatro dias de conferência, Adesina aproveitou uma pergunta sobre o seu futuro para confirmar que vai candidatar-se a um segundo mandato: "Fizemos muito, mas ainda há muito trabalho por fazer, portanto muito humildemente vou ser candidato e tentar prosseguir o trabalho que começámos", disse o presidente do BAD, acrescentando estar "muito ciente da responsabilidade" que recai sobre os seus ombros.
Durante a sessão de perguntas e respostas, Adesina disse também que considera que África não tem um problema de dívida problemática [debt distress, no original em inglês] e argumentou que a questão é o que os países fazem com a dívida que contraem.
"A questão é onde se gasta a dívida, a qualidade da dívida é muito importante; muitos dos países estão a candidatar-se a mais endividamento devido às enormes necessidades de infraestruturas que têm, mas o ponto que precisamos de sublinhar é que são necessárias mais parcerias público-privadas para que o setor privado carregue uma parte do peso da dívida", defendeu o banqueiro.
Entre as propostas do BAD para reduzir os níveis de endividamento problemático, Adesina elencou a aceleração da mobilização de recursos doméstico, o combate ao fluxo ilícito de capitais, melhorias na gestão da sustentabilidade da dívida e exemplificou, que relativamente ao risco cambial, o BAD pode oferecer financiamento em moeda local.
"Os recursos do continente africano pertencem ao povo do continente africano, não pertencem às empresas nem a indivíduos, os recursos de África têm de ficar em África para beneficiar os africanos", vincou o ex-ministro nigeriano, concluindo com o anúncio de que os próximos Encontros Anuais decorrerão na Costa do Marfim, em maio.