CGD aceita perdões de dívida se forem vantajosos para recuperar crédito
O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse hoje, sem querer referir-se ao caso específico do perdão de dívida à SAG, que um banco aprova uma operação dessas se for a que lhe garante maior recuperação do crédito, e que também é levada em conta a manutenção de empregos.
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Economia Macedo
Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre (lucros de 126 milhões de euros), em Lisboa, Paulo Macedo não quis referir-se em específico ao perdão de dívida de vários bancos, incluindo da CGD, ao Soluções Automóveis Globais (SAG), de João Pereira Coutinho, mas referiu que nesse tipo de decisões há vários fatores a analisar.
Segundo o responsável, quando um banco não recebe um crédito, olha para as hipóteses de recuperar o máximo possível. Desde logo, afirmou, avalia quanto receberia no caso da insolvência da empresa e avalia quanto receberia se viabilizasse a empresa, elegendo esta se for mais vantajosa.
"As decisões são feitas em termos de alternativa, qual é que é o valor atual mais elevado para banco", disse Macedo, afirmando que também "não passa ao lado manter ou não 650 postos de trabalho".
"É da ponderação destes fatores - não é propriamente de se vai perdoar cinco, 10 ou 15 [milhões] - que as equipas de reestruturação de créditos veem a melhor forma de ressarcimento do banco", concluiu.
Na terça-feira à noite, o empresário João Pereira Coutinho anunciou a intenção de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a SAG GEST - Soluções Automóveis Globais, que lidera, pagando uma contrapartida de 0,0615 euros.
O empresário acordou ainda vender a maior empresa, a SIVA (que comercializa as marcas Volkswagen, Audi e Skoda), à Porsche (sociedade pertencente ao Grupo VW) por um euro.
O grupo SAG teve prejuízos de 179,6 milhões de euros em 2018, e vai deixar de operar no setor automóvel, de acordo com o Jornal de Negócios, Jornal Económico, Expresso e Correio da Manhã.
No âmbito deste processo, a SAG conseguiu um perdão de dívida de CGD, BCP, Banco BPI e Novo Banco.
Ainda sobre este processo da SAG, Paulo Macedo disse que a CGD não vai constituir mais imparidades (provisões para perdas) no imediato, uma vez que já tinha constituído em 2018 e em anos anteriores.
Já esta manhã, na apresentação de resultados do BPI (lucros de 49,2 milhões de euros no primeiro trimestre), o presidente executivo do banco detido pelo espanhol CaixaBank, Pablo Forero, disse que as perdas por imparidade com o negócio da SAG e SIVA já tinham sido tidas em conta nos resultados de 2018.
"Os bancos fazem um perdão de dívida quando acontecem duas coisas: a convicção de que a dívida não pode ser recuperada e quando o plano de recuperação da companhia inclui esse perdão de dívida, é razoável e faz sentido", disse Pablo Forero.
O presidente da CGD foi ainda questionado sobre o processo coletivo que CGD, BCP e Novo Banco puseram em tribunal para executar bens de Joe Berardo, por incumprimento de créditos, e que poderá ir sobre as obras de arte atualmente expostas para o público, no CCB, em Lisboa.
Paulo Macedo respondeu que a primeira preocupação da Caixa é "ser ressarcida" porque "só assim é que os depositantes estão garantidos", considerando que "não é propriamente a preocupação do tipo de bens". Disse ainda que só depois de conhecer os bens que poderão ser executados a CGD saberá "o valor que pode vir ou não a ser ressarcido".
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