"Há um risco material de que em 12 de abril o Reino Unido deixe a UE sem acordo. Esse risco é real, pelo que do lado da Comissão completámos a nossa preparação para um não acordo", afiançou Dombrovskis diante da Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.
O vice-presidente do executivo comunitário, responsável pelas pastas do Euro, Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e Mercados de Capital, admitiu que, apesar das medidas de contingência adotadas pelo bloco comunitário, Bruxelas não conseguirá "mitigar todos os possíveis efeitos económicos negativos".
Para o comissário letão, os efeitos vão depender "muito da preparação dos mercados" financeiros e dos diferentes atores económicos, aos quais a Comissão Europeia pediu para se prepararem para todos os cenários, incluindo a saída desordenada do Reino Unido da UE.
Ainda assim, reconheceu Dombrovskis, há "riscos residuais" que terão de ser abordados a nível nacional por cada um dos Estados-membros, uma vez que um Brexit sem acordo será "economicamente prejudicial" tanto para o Reino Unido, como para os 27, pois "interromperá décadas de integração económica".
"Um Brexit desordenado implicará interrupções nos negócios em ambos os lados do Canal da Mancha. Poderíamos assistir a alguma volatilidade no mercado e é por isso que os bancos centrais anunciaram medidas de liquidez", disse, defendendo, todavia, que o sistema financeiro europeu será capaz de "suportar uma desaceleração severa" e que a UE pode "salvaguardar a estabilidade financeira" num cenário de 'no deal'.
O risco de uma saída desordenada do Reino Unido do bloco comunitário, em 12 abril, aumentou depois de na sexta-feira o parlamento britânico ter chumbado pela terceira vez o Acordo de Saída negociado entre Londres e Bruxelas e de na segunda-feira ter rejeitado as quatro alternativas apresentadas àquele texto.
A próxima data chave para esclarecer o futuro britânico é 10 de abril, dia de Conselho Europeu extraordinário dedicado ao Brexit.
O Conselho Europeu concordou em 21 de março com uma extensão do Artigo 50.º até 22 de maio, desde que o Acordo de Saída fosse aprovado pela Câmara dos Comuns até sexta-feira passada, estipulando uma prorrogação até 12 de abril caso o texto fosse novamente chumbado.