Energia: Se privatização da EDP corresse mal todo o programa correria

O ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Carlos Moedas afirmou hoje que a privatização da EDP era central para o sucesso do programa de ajuda externa, e impediu a adoção de medidas unilaterais no setor da energia.

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© Reuters

Lusa
15/02/2019 10:48 ‧ 15/02/2019 por Lusa

Economia

Inquérito

Em audição na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade, via 'Skype', questionado pelo deputado do CDS-PP Hélder Amaral sobre a privatização da EDP, Carlos Moedas reconheceu que, "de todas as privatizações que valiam mais ou menos oito mil milhões de euros, aquela [EDP] valia cerca de dois mil milhões.

"Tínhamos a noção de que se aquela corresse mal, todo o programa [de assistência financeira] correria mal. Tenho dúvidas de que, se não conseguíssemos fazer esta privatização, pudéssemos acabar bem", declarou o responsável no governo de Passos Coelho pelas relações com a 'troika'.

Carlos Moedas admitiu que a fase adiantada do processo de privatização da elétrica levou a que a contribuição extraordinária, proposta então pelo secretário de Estado da Energia Henrique Gomes, não saísse do papel.

Carlos Moedas recordou "uma discussão intensa" entre o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, sobre a contribuição, mas, contrapôs, que no final chegaram a um entendimento de que era necessário "arranjar outra maneira de chegar ao mesmo valor".

"Íamos ser ridículos. Estaríamos a vender gato por lebre. O secretário de Estado [da Energia] tinha uma posição, que de certa forma já vinha tarde na discussão sobre a privatização da EDP. Se de repente fossemos fazer uma contribuição estávamos, no fundo, a enganar os compradores", acrescentou depois o comissário europeu.

"A 'troika' tinha uma visão que estava de acordo com o ministro das Finanças, de que não devíamos fazer nada de forma unilateral, pois íamos, como governo, dar sinais, íamos pôr uma incerteza que prejudicaria a credibilidade do país. Fazer uma contribuição especial era completamente unilateral", disse Carlos Moedas.

No final, sublinhou, foi "extraordinário ver que aquilo que Henrique Gomes queria arrecadar com a contribuição ter sido possível arrecadar sem tomar medidas unilaterais", referindo-se a cortes de 2,1 mil milhões de euros na remuneração aos produtores de eletricidade.

"Depois, o ministro Moreira da Silva faz a contribuição e arrecada mais 1,5 mil milhões", adiantou, considerando que o governo de Passos Coelho foi responsável por cortes, no total, de 3,6 mil milhões de euros.

 

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