No documento, que tem como enfoque o impacto das operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (em inglês, TLTRO) concedidas pelo BCE aos bancos da Península Ibérica, a agência de 'rating' referiu que a instituição liderada por António Ramalho está "fortemente exposta a dívida TLRO e deve 6,5 mil milhões de euros, ou seja, o equivalente a 12,6% do total dos ativos no final de junho de 2018".
O relatório salientou também que "o banco ainda não divulgou publicamente a sua estratégia de refinanciamento do BCE", mas tendo em conta o rácio de cobertura de liquidez (LCR) da instituição "de 138%, terá que recorrer aos mercados para substituir os fundos TLTRO".
Em sentido contrário, segundo a Moody's, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) é o único banco ibérico que já reembolsou o BCE na totalidade, em dois mil milhões de euros, "antes da data para o fazer".
O relatório analisou o impacto dessa data, entre junho de 2020 e março de 2021, quando as instituições bancárias europeias forem obrigadas a reembolsar o BCE e concluiu que a rentabilidade será "afetada moderadamente".
A Moody's recordou ainda que a banca ibérica, em conjunto com a italiana e grega, foi a que mais beneficiou do programa de financiamento do BCE, sendo que no caso português ascendeu a 4,8% dos ativos detidos pelos bancos e no espanhol a 6,5%. A média da zona euro é de 2,5%.
O BCE permite desde junho deste ano que as instituições reembolsem voluntariamente estes empréstimos, mas para já apenas a Caixa Geral de Depósitos o fez e a Moody's não espera que mais nenhum banco o faça.
No final de setembro deste ano, segundo a agência de 'rating', os bancos portugueses e espanhóis tinham recebido 192 mil milhões de euros em fundos do BCE.
A Moody's salientou, no entanto, que tanto os bancos portugueses como os espanhóis continuavam a beneficiar de um balanço desalavancado e de depósitos mais estáveis, o que limita o impacto na liquidez, apesar de custos mais elevados no financiamento fora destes moldes da TLTRO.
No final de junho, os bancos estavam já a cobrar mais taxas e comissões, sendo que no caso português o aumento, numa base anual, era de 5%. Para 2019, a previsão é de mais aumentos que irão ajudar a compensar o final destes programas.
As estratégias para devolver o dinheiro ao BCE variam, detalhou a Moody's, passando não só pela ida ao mercado, mas também por almofadas de liquidez.
A agência de 'rating' salientou que, no geral, os indicadores de saúde da banca portuguesa estavam melhores, com um rácio de empréstimos/depósitos de 89%, em junho, face a 135% no final de 2011.
O LCR, no mesmo período deste ano, era em média de 182%, bem acima do mínimo de 100% exigido e da média da União Europeia, de 148%.