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"O pior de Sócrates foi o assalto à comunicação social e poder económico"

O advogado Jorge Bleck considera que "o pior" de José Sócrates foi "o assalto à comunicação social e ao poder económico" e apela a que "tirem a política das empresas".

"O pior de Sócrates foi o assalto à comunicação social e poder económico"
Notícias ao Minuto

17:30 - 02/12/18 por Lusa

Economia Jorge Bleck

"As pessoas ainda hoje perceberam pouco. O pior do Sócrates não foi nem de longe nem de perto - apesar de gravíssimo, provando-se, e os indícios são fortíssimos - roubar. A corrupção. O pior do Sócrates foi o assalto à comunicação social e ao poder económico. Isso foi o pior de Sócrates", afirma, em entrevista à Lusa.

Jorge Bleck diz que "o PS [na era Sócrates] tinha uma estratégia de pinça". E explica: "Por um lado, ia ficar com a Caixa e com o BCP com 50% ou mais da capacidade de crédito - isto, num país que vive do crédito, é mandar num país económico. Ponto. E, por outro lado, tinha a comunicação social completamente controlada e quis ir mais longe com o episódio PT/TVI, e entre outras coisas".

Questionado se foi isso que na altura já interpretava na Oferta Pública de Aquisição (OPA) que a Sonae lançou sobre a Portugal Telecom (PT), já que a operação foi asssessorada pelo seu escritório de advogados, na altura a Linklaters, diz que não tinha dúvidas.

"Sobre a história da PT, acho que as pessoas não percebem ainda hoje - estou desconfiado - o importante que tinha sido para o país a Sonae ter comprado a Pt". Se tivesse acontecido, sublinha, teria sido o "desconstruir de tudo aquilo que estava em construção, numa cumplicidade profunda de Ricardo Salgado/Sócrates".

O Ministério Público acusou José Sócrates de, enquanto primeiro-ministro, receber mais de 24 milhões de euros, entre 2006 e 2009, em troca do favorecimento ilegal de interesses do Grupo Lena, Grupo Espírito Santo (GES) e PT.

Neste negócio, segundo noticiou em 12 de outubro de 2017 o jornal Público, detido pela Sonae, o ex-banqueiro Ricardo Salgado, que liderava o GES, dono do Banco Espírito Santo (BES), terá pagado seis milhões de euros ao então primeiro-ministro José Sócrates para este usar o seu poder para impedir o sucesso da OPA que o grupo Sonae lançou em fevereiro de 2006 à PT, na altura o gigante português das telecomunicações.

"A operação Cimpor [à qual a Semapa lançou OPA e 'perdeu'] e a operação PT têm muito de semelhante e a sua frustração também tem muito de semelhante", afirma o advogado, que esteve envolvido nas duas operações pelo lado dos empresários Belmiro de Azevedo (Sonae) e Pedro Queirós Pereira (Semapa), ambos entretanto falecidos.

"Uma das conclusões disto é: tirem a política das empresas, porque em ambas foi o poder político que rebentou com tudo", reforça Jorge Bleck.

Por isso, o advogado também sempre se demonstrou desfavorável à premissa dos "centros de decisão nacional", "conversa" que refere ter sido lançada pelo ex-presidente do BCP, Jardim Gonçalves, na altura da guerra pela Cimpor.

"Ele é o grande promotor desta conversa dos centros de decisão em Portugal. E a meu ver é daquelas causas demagógicas porque é aparentemente boa, mas na essência má, pois é perpetuar o polvo, o compadrio e o nepotismo", sublinha.

"À pala disso, o que se ia fazer era sempre a mesma coisa: era colocar as minhas peças para me favorecerem a mim e isto ficar num ciclo restrito. Acredito mais numa economia aberta. O que sempre disse é que não nos devemos preocupar com os centros de decisão nacional. Devemos preocupar-nos é em trazer para cá para dentro mais centros de decisão e, para isso, o país tem que ser atrativo e, para ser atrativo, o país tem de ser aberto", explica ainda.

Ao invés dos centros de decisão nacional, que iriam perpetuar a ausência de capital que o país tem e o bloqueio, Portugal tem é de ser o país mais 'investor friendly ['amigo' dos investidores]" Europa, conclui Jorge Bleck.

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