Rui Correia viveu este domingo, em Alvalade, uma experiência que seguramente não mais esquecerá. Decorria o minuto 82', com o P. Ferreira em desvantagem, por 2-0, frente ao Sporting, quando Mário Felgueiras se lesionou e foi obrigado a abandonar o jogo. Com as três substituições já realizadas pelo técnico João Henriques, era necessário encontrar um novo guarda-redes. Esse nomeação teria, naturalmente, em conta a altura e, nesse sentido, os dois centrais, Rui Correia e Miguel Vieira, eram os candidatos.
Após a decisão, tomada numa espécie de 'pedra, papel e tesoura', Rui Correia (1,88m) encorajou-se e, numa demonstração de espírito coletivo, calçou as luvas e assumiu-se como guarda-redes improvisado dos castores para os derradeiros momentos do encontro.
Apesar da situação, no mínimo, inesperada, a verdade é que o jogador, de 27 anos, conseguiu manter a baliza... fechada. O conjunto da Capital do Móvel saiu do reduto verde e branco derrotado, mas de cabeça levantada e com a certeza de que até à última jornada vai continuar a lutar pelo principal objetivo: a manutenção.
Ora, voltando ao 'guardião' Rui Correia, há que referir que já detinha um (muito) pequeno historial entre os postes. Segundo informações recolhidas pelo Desporto ao Minuto, esta até nem foi a estreia do jogador natural do Seixal entre os postes. Antes de chegar ao P. Ferreira, no último defeso, Rui Correia representou o Nacional durante três temporadas, tornou-se um dos capitães e até 'brilhou'... na baliza.
A história é simples: num certa sessão de trabalho dos insulares, o central decidiu calçar as luvas e assumir a guarda dos postes, perante as tentativas de remate de um dos técnicos adjuntos. Foi num desses pontapés que o defesa 'voou' e, com uma intervenção daquelas monumentais - qual Buffon -, deixou o treinador de guarda-redes dos madeirenses... encantado.
Rui Correia manteve-se firme na baliza do P. Ferreira nos últimos 10 minutos, em Alvalade.© Global Imagens
"Se não estou em erro, foi um jogo de descontração, em semana que não havia jogo, e eu, apesar de ser recuperador físico/scout, como era novo e até dava uns toques, entrava nas famosas "peladinhas". Lembro-me do jogo estar equilibrado e perto do fim rematei forte, de fora da área, e ele foi buscar a bola, sacando de uns reflexos, diria... de gato. E equipa dele ganhou a 'pelada' fruto dessa intervenção! Fomos todos a rir e a gozar, jogadores e treinadores, em especial o treinador de guarda redes", recorda, entre risos, Honorato Sousa, na altura técnico adjunto, em declarações ao Desporto ao Minuto, salientando o "enorme profissionalismo" de Rui Correia: "É um rapaz que joga para a equipa. É extremamente profissional e a aquela situação no jogo com o Sporting em nada me surpreende. É sempre solidário com a equipa e está sempre pronto a dar tudo pelo grupo."
Uma situação, obviamente, em ambiente descontraído, mas que serviu para Rui Correia somar mais um episódio à sua mini-história com as balizas. O outro teve lugar no Torneio Luís Boa Morte, jogado durante 24 horas, em que, perante a ausência de guarda-redes e falta de 'corajosos', o central optou por assumir a responsabilidade e, pela segunda vez, calçou as luvas. Pelo que o nosso site teve conhecimento, a performance até nem foi... surpreendente.
No entanto, o que é certo é que bem melhor foi mesmo a conseguida... em Alvalade. Rui Correia voltou a pisar esse terreno algo desconhecido em prol do grupo e a 'escrever' o último capítulo desta história que, certamente, daqui a uns anos, irá contar aos mais novos.