O bilhete de Portugal para o Campeonato do Mundo de 2026 até estava a ser impresso, mas a Hungria apareceu a tempo para tirar a tinta, com um empate (2-2) ao cair do pano, esta terça-feira, no Estádio José Alvalade, num jogo em que a (histórica) remontada protagonizada por Cristiano Ronaldo não chegou para fazer a festa.
Apesar do arranque 'tremido' com o golo madrugador de Attila Szalai (8'), a seleção nacional foi desafiada a responder e lá apareceu Cristiano Ronaldo, em jeito de redenção, face à grande penalidade que havia desperdiçado diante da República da Irlanda (1-0), no passado sábado.
Após passe de Nélson Semedo, o avançado de 40 anos empatou o jogo ao minuto 22 e apontou mais um recorde na sua extensa lista de feitos históricos, ao tornar-se o maior goleador de sempre em qualificações para Mundiais, fruto do seu 40.º tento certeiro na referida fase.
Não ficaria por aí. Já em cima do intervalo, CR7 viria a aproveitar um cruzamento de Nuno Mendes para operar a 'cambalhota' no marcador, aos 45+3', numa altura em que ficava apenas a 52 golos da inigualável marca de... mil motivos de festejo.
A verdade é que, já depois de duas bolas de Portugal ao poste e de uma da Hungria à trave, o empate acabaria por chegar nos descontos, com Dominik Szoboszlai a 'congelar' o Estádio José Alvalade, aos 90+1', impedindo o apuramento direto dos lusos para o Mundial'2026.
Portugal sabia que tinha de vencer para sonhar com a festa de acesso ao Mundial'2026, sendo que até beneficiou da vitória da República da Irlanda, diante da Arménia (1-0), mas o primeiro lugar do grupo F (ainda) não ficou atribuído à equipa das quinas.
Tal feito poderá ser alcançado na próxima jornada, na deslocação à República da Irlanda, agendada para o próximo dia 13 de novembro, antecedendo a receção à Arménia, no Estádio do Dragão, no dia 16 do referido mês, a fechar a contas do grupo.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Cristiano Ronaldo afirmou-se, indubitavelmente, como a grande figura do encontro, pese embora o desfecho do jogo não tenha sido o pretendido. Três dias após aquele penálti falhado, CR7 mostrou que está aí 'para as curvas' e rubricou um bis na hora de operar uma remontada, com direito a mais um recorde na carreira. O avançado do Al Nassr ainda ameaçou o hattrick e acabou por ser tremendamente ovacionado quando foi substituído.
Surpresa
Dominik Szoboszlai não é surpresa nenhuma no panorama do futebol, muito menos no seio da seleção húngara. O médio do Liverpool já tinha assustado Portugal no jogo em Budapeste (2-3) e acabou por ser decisivo ao apontar o fatal golo ao cair do pano, que 'baralhou' as contas lusas rumo ao Mundial'2026. Antes disso, Szoboszlai esteve ainda presente no lance do primeiro golo, ao assistir Attila Szalai para a primeira surpresa em Alvalade.
Desilusão
Renato Veiga foi chamado ao onze inicial para render o lesionado Gonçalo Inácio, porém, nem sempre 'transpirou' a solidez defensiva que se exigia, em dupla com Rúben Dias no eixo defensivo. Imperial no capítulo do passe, o central do Villarreal foi 'pecando' na abordagem a alguns dos seus oponentes, tendo perdido vários duelos, sobretudo numa altura em que a defesa atravessava momentos mais débeis na partida.
Treinadores
Roberto Martínez promoveu apenas duas alterações no onze inicial (uma das quais forçada) e não viu a sua equipa entrar propriamente bem na partida. As coisas foram mudando gradualmente após o golo sofrido, mas Portugal viria a 'desaprender' na segunda parte, deixando a Hungria a sonhar com o empate na reta final, sendo que as substituições pouco ou nada acrescentaram às aspirações em garantir o passaporte para o Mundial.
Marco Rossi já tinha conseguido fazer com que a sua equipa fosse a única do grupo F a apontar golos a Portugal e, desde cedo, mostrou que queria repetir a dose. A jogar olhos nos olhos, os húngaros não foram propriamente inferiores aos portugueses e, após terem arrancado o encontro a sorrir, não desistiram de procurar o golo da igualdade, que acabaria por chegar em tempo de descontos. Aí, as substituições ajudaram.
Árbitro
Srdjan Jovanovic protagonizou uma arbitragem segura e sem casos polémicos, tendo sempre aguardado pelo videoárbitro para a validação das suas decisões iniciais, para além de ter sido coerente na hora de apitar as faltas e de puxar os cartões amarelos do bolso. Não foi por aí que Portugal vacilou.
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