À terceira jornada, Portugal esteve na iminência de saborear aquele que seria o primeiro ‘amargo de boca’ na fase europeia de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2026, mas um golo de Rúben Neves ‘ao cair do pano’ permitiu-lhe levar de vencida a República da Irlanda, no Estádio José Alvalade, por 1-0.
A equipa das quinas dispôs de oportunidades de sobra para desfazer o impasse, especialmente, no segundo tempo (onde Cristiano Ronaldo desperdiçou, inclusive, uma grande penalidade), mas só nos descontos é que o ‘herdeiro’ de Diogo Jota marcou, de cabeça, o golo que lhe valeu três (preciosos) pontos.
Portugal sem passe para o autocarro irlandês
Dada a diferença de qualidade individual entre ambas as equipas, esperava-se uma seleção portuguesa a dominar e uma irlandesa a jogar na expetativa, e foi precisamente isso que aconteceu, no Estádio José Alvalade, que foi palco de um ‘sufoco’… estéril por parte da formação comandada por Roberto Martínez.
A jogar em 5x4x1, a formação visitante montou um autêntico ‘autocarro’, dando poucos ou nenhuns espaços aos homens da casa, que, sem João Félix para fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, apostaram, sobretudo, nos lançamentos para a grande área e nos remates de meia distância para chegarem ao golo.
O primeiro sinal de perigo surgiu logo aos 17 minutos, quando Cristiano Ronaldo acertou em cheio no poste, antes de Bernardo Silva, com tudo para marcar, falhar escandalosamente o desvio. Daí em diante, os remates foram-se sucedendo, mas a verdade é que, até ao intervalo, só Gonçalo Inácio deu trabalho a Caoimhín Kelleher, com um cabeceamento perigoso.
Do outro lado da ‘barricada’, os irlandeses limitaram-se a procurar a velocidade de Chiedozie Ogbene e Festy Ebosele, mas sem provocarem grandes sobressaltos. Aliás, o único lance em que ameaçaram o golo foi quando Jayson Molumby rematou, de meia distância, sobre a trave da baliza à guarda de Diogo Costa.
Tinha de ser assim
Ao intervalo, Roberto Martínez promoveu duas alterações, uma forçada (Gonçalo Inácio, ‘tocado’, deu o lugar a Renato Veiga) e outra tática (Bernardo Silva, ‘apagado’ na ala esquerda, partiu para a direita, por troca com Pedro Neto), e a verdade é que Portugal regressou dos balneários com outro tipo de ‘andamento’.
Cristiano Ronaldo foi, de resto, o principal impulsionador da reação lusa. Aos 50 minutos, assistido por Bernardo Silva, cabeceou ao lado. Aos 52, atirou, ‘do meio da rua’, ao lado do alvo, e, aos 53, a passe de Bruno Fernandes, ‘disparou’ a centímetros do alvo, dando novo alento aos milhares de adeptos que se deslocaram a Alvalade.
Aos 59 minutos, foi a vez de Rúben Neves tentar a sorte, na sequência de uma saída rápida para o ataque, mas o ‘tiraço’ à entrada da grande área esbarrou nas mãos de Caoimhín Kelleher. O guarda-redes teve de aplicar-se, apenas um minuto depois, desta feita, para desviar uma tentativa de Vitinha.
Foi então que, aos 75 minutos, surgiu a mais soberana das chances para desfazer o impasse. O árbitro eslovaco Ivan Kruzliak assinalou uma grande penalidade, por mão na bola de Dara O’Shea, após remate de Francisco Trincão, mas Cristiano Ronaldo, contra todas as expetativas, atirou para defesa de Caoimhín Kelleher.
Alvalade já desesperava, mas o melhor momento estava mesmo reservado para os descontos. Assistido por Francisco Trincão, Rúben Neves (que ‘herdou’ a camisola número 21 do melhor amigo, Diogo Jota) foi às alturas desviar, de cabeça, para o fundo das redes, selando, assim, o resultado final.
Portugal termina, assim, a terceira jornada com nove pontos conquistados em nove possíveis, pelo que lidera o Grupo F, à frente de Hungria (que leva quatro), Arménia (que leva três) e República da Irlanda (que leva um). Significa isto que, se, na próxima terça-feira, bater a Hungria e a Arménia não derrotar a República da Irlanda, tem apuramento garantido para o Mundial'2026.
Momento do jogo: A escolha não poderia ser outra. Já depois dos 90 minutos, Rúben Neves subiu à grande área irlandesa e, de cabeça, fez o golo que ‘desequilibrou a balança’. Um momento de grande emoção, que surgiu como a melhor homenagem possível a Diogo Jota, e logo por parte daquele que era o seu 'braço direito', no mundo do futebol.
Onzes
Portugal: Diogo Costa; Diogo Dalot, Rúben Dias, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes; Rúben Neves, Vitinha, Bruno Fernandes; Pedro Neto, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo.
República da Irlanda: Caoimhin Kelleher; Seamus Coleman, Nathan Collins, Jake O'Brien, Dara O'Shea, Ryan Manning; Josh Cullen, Jayson Molumby, Festy Ebosele; Chiedozie Ogbene e Evan Ferguson
Antevisão
Portugal recebe, este sábado, no Estádio José Alvalade, a República da Irlanda, sabendo de antemão que uma vitória significará um 'passo de gigante' no sentido do apuramento para o Campeonato do Mundo de 2026, prova que terá lugar nos Estados Unidos da América, no México e no Canadá.
A equipa das quinas somou por vitórias os duelos das duas primeiras jornadas, sobre Arménia (no Vazgen Sargsyan Republican Stadium, em Yerevan, por categóricos 0-5) e Hungria (na Puskás Aréna, por 2-3), graças a um golo de João Cancelo, ao 'cair do pano'), pelo que soma seis pontos conquistados em seis possíveis, e lidera, isolada, o Grupo F.
Segue-se a Arménia, com três pontos, e, na 'cauda' da tabela, Hungria e República da Irlanda, com um ponto cada. Isto, numa fase europeia de qualificação na qual só o primeiro classificado de cada um dos 12 grupos garante a entrada direta na prova, sendo os segundos classificados remetidos aos playoffs.
Significa isto que um novo triunfo, aliado a uma igualdade ou a uma derrota da Arménia, na deslocação à Hungria, deixará os homens de Roberto Martínez com via aberta para darem as contas por arrumadas já na próxima terça-feira, no embate com a Turquia, que terá, também ele, lugar na 'casa' do Sporting.
O Portugal-República da Irlanda irá contar com a arbitragem do juiz eslovaco Ivan Kruzliak, e poderá acompanhá-lo, em direto, a partir das 19h45 (hora de Portugal Continental), no Desporto ao Minuto.
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