As últimas horas têm sido marcadas por uma polémica a envolver o nome de Rui Costa. Ao que tudo indica, e de acordo com a CNN Portugal, o presidente do Benfica será constituído arguido num caso que envolve uma transferência de cerca de 76 mil euros com origem num clube russo, o Lokomotiv de Moscovo, para o clube da Luz.
Em causa está o pagamento de parte de uma dívida que se refere ao defesa argentino Germán Conti, que esteve ligado ao clube da Luz entre 2018 e 2022. A operação, de acordo com a CNN Portugal, entra em violação à atual legislação europeia, no que diz respeito às sanções aplicadas a várias entidades e pessoas que apoiem interesses russos.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o Ministério Público (MP) suspeita igualmente de branqueamento de capitais, já que os 76 mil euros do negócio foram transferidos diretamente da conta do Lokomotiv Moscovo para a do Benfica, sem qualquer tipo de intermediário. A transação terá sido detetada pelo banco BCP, tendo depois o MP ordenado a suspensão da operação.
A propósito de toda esta situação, Lúcio Miguel Correia, professor e especialista em Direito do Desporto, alertou, em declarações prestadas esta terça-feira à Antena 1, que o processo em causa será suspenso provisoriamente e que, no limite, o Benfica pagará uma multa.
"Parece-me que não há qualquer dúvida de que não há qualquer questão com o branqueamento de capitais. Não me parece que haja aqui capital dissimulado ou de tentativa de entrar em Portugal através das contas de um clube. Até o próprio comunicado do Benfica já refere que não o auferiu. Depois também não há uma tentativa de introdução de capitais de forma ilícita. O dinheiro, supostamente, estava ao abrigo da referida transferência. Do ponto de vista criminal, provavelmente estaremos perante uma suspensão provisória do processo. Do ponto de vista desportivo, e tendo em conta que as explicações estão dadas, não me parece que quer a própria SAD, quer o próprio presidente Rui Costa tenha qualquer tipo de questão", começou por dizer.
"Admito que possa, obviamente, possa originar uma questão de multa, tendo em conta que as normas relativamente à violação das medidas restritivas quanto à questão da suspeita de crimes de branqueamento de capitais, e atendendo ao conflito existente entre a Rússia e a Ucrânia, possa ser aplicada. Mas é uma multa que depois o próprio Ministério Público proporá a suspensão provisória do processo. O processo vai acabar por morrer e não tem qualquer tipo de outra repercussão a nível desportivo. É o que me parece no âmbito daquilo que eu consegui apurar", finalizou o professor.
Rui Costa e Benfica já reagiram
Através de um comunicado da sua lista candidata às eleições do clube da Luz, Rui Costa afirmou que "o desespero e momento não podem justificar tudo" e disse acreditar que o tema só ganhou visibilidade por conta do período eleitoral que se vive no Benfica.
"Querer envolver diretamente Rui Costa numa situação detetada e superada, no respeito pelas dúvidas suscitadas à posteriori no processo, é ultrapassar os limites do razoável. Uma situação não detetada em nenhum momento do processo administrativo, da FIFA ao Banco, dos Serviços do clube aos restantes intervenientes, prontamente revertida com a suspensão do contrato e a não aceitação de pagamentos posteriores que, sendo devidos ao Clube, estariam condicionados pelas sanções à Rússia", defende a candidatura de Rui Costa.
Já na segunda-feira ao final da noite, o clube da Luz garantiu que a transferência de Conti foi validada pelo TMS da FIFA e frisou que o pagamento do valor em causa "não era do conhecimento ou da responsabilidade do presidente Rui Costa".
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