Ruben Amorim está no 'olho do furacão', no Manchester United, na sequência daquele que está a revelar-se ser um arranque de temporada para 'esquecer', com uma vitória, dois empates e outras derrotas ao cabo de tantos cinco jogos oficiais, o último dos quais no passado fim de semana, na deslocação ao Etihad Stadium, perante o eterno rival, o Manchester City, por categóricos 3-0.
Os red devils moram, neste momento, no 14.º lugar da Premier League, com apenas quatro pontos conquistados em 12 possíveis, além de que já foram (surpreendentemente) eliminados da Taça da Liga, logo na segunda ronda, pelo Grimsby Town, equipa que milita no quarto escalão do futebol inglês, que saiu por cima, no desempate por grandes penalidades.
O treinador português começa, desta maneira, a ver o 'cerco' apertar-se em seu redor. Alguns dos maiores nomes da história do clube já se viraram, inclusive, contra si, com uma série de críticas desferidas ao longo das últimas horas, que levam mesmo o jornal britânico Daily Mail a falar de uma "aliança" em curso.
Neste lote, encontra-se Paul Scholes, que, no podcast 'The Good, The Bad & The Football', atirou: "Oh meu Deus, por onde é que hei de começar? Agora, falamos da filosofia dele, do estilo de jogo... Há tantos treinadores inteligentes, hoje em dia, em Inglaterra e em todo o mundo, e trabalham de maneira bastante simples. Eles sabem exatamente a maneira como o Manchester United vai jogar, todas as semanas".
"Será que vão jogar com uma linha de cinco ou de quatro, na defesa? Com Amorim, toda a gente sabe. É fácil jogar contra eles e percebê-los, porque, hoje em dia, os treinadores são inteligentes a esse ponto. Nem sequer tenho a certeza se ele já alterou o sistema, se alguma vez jogou em 4x3x3. Simplesmente, penso que os jogadores são bons o suficiente", referiu.
Uma análise que mereceu a concordância do seu ex-companheiro de equipa, Gary Neville, na estação televisiva britânica Sky Sports: "Penso que haverá alguma pressão a recair sobre o treinador e sobre a sua rigidez de manter-se com este sistema. Houve alturas em que via o Manchester United a perder este tipo de jogos e sentia-me zangado e frustrado. Agora, não sinto nada, o que ainda é pior".
"Esta exibição foi um nada. O Manchester United foi, simplesmente, derrotado. Uma nova derrota, contra o Chelsea, na próxima, e grandes questões começarão a ser colocadas (...). Estou preocupado com o treinador. Preocupa-me o que vai acontecer nestas próximas semanas. Não me parece que seja altura para entrar em pânico, mas já vimos este filme", alertou.
"Queremos apoiar, mas também temos de ser honestos, até porque não somos tolos"
Wayne Rooney foi outro dos nomes a vir a público para recriminar o antigo técnico do Sporting, afirmando: "É difícil imaginar como é que isto vai continuar assim... Creio que ninguém consegue entender e compreender o que está realmente a acontecer. Francamente, nada disto é bom o suficiente. Quero ser o mais solidário e positivo possível com o técnico e os jogadores, mas é muito difícil estar aqui a dizer que vai haver progresso ou que, num futuro próximo, poderemos estar a ver coisas que vão dar resultado".
"Desde o ano passado, quando Erik ten Hag foi demitido e o Ruben [Amorim] entrou para o seu lugar, andamos sempre a ouvir que a forma de jogar deles vai mudar. Se o treinador for honesto consigo mesmo, consegue perceber que a situação piorou, creio eu. Queremos apoiar o clube e o técnico o máximo que pudermos, mas também temos de ser honestos, até porque nós, adeptos, não somos tolos", refletiu, na BBC.
Discurso (já) não convence
A comunicação foi, desde bem cedo na carreira, apontado como um dos mais fortes pontos de Ruben Amorim. No entanto, já nem isso o 'salva', como ficou evidente pelo 'ataque' de que foi alvo, por parte de Roy Keane, na Sky Sports: "Ele disse que não está demasiado zangado, que está satisfeito com o esforço... Eles perderam um dérbi por 3-0. Ele deveria estar fumegante, deveria estar furioso".
"Ele deveria estar furioso. Eu gosto de treinadores que são emotivos, mas também gosto que os meus treinadores demonstrem raiva. Eu, simplesmente, não consigo imaginar estar um balneário, após perder um dérbi, por 3-0, e ter toda a gente a perguntar 'Será que tentámos todos?", rematou.
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