Mário Jardel concedeu, esta sexta-feira, uma extensa entrevista ao Globo Esporte, na qual, entre outros temas, falou sobre os problemas com a droga e o álcool o afetaram ao longo da sua vida, nomeadamente na reta final da carreira e após pendurar as chuteiras.
"É matar um leão todos os dias, sem dúvida. Para qualquer viciado é uma luta diária. Fiz alguns tratamentos, recuperei e estou firme e forte para que os caminhos se abram mais ainda. Não tenho vergonha de falar, as pessoas que me conhecem têm a consciência da pessoa que sou: boa, que fazia mal só a si próprio", começou por dizer o antigo avançado do FC Porto e do Sporting.
"Nunca usei drogas quando jogava e agora, com essa nova vida, a mudança que me determinei a fazer, há uma importância muito grande [em recusar]. A responsabilidade dos eventos, de estar perto do pessoal da alta classe, dos jogos, vai sempre ter o cãozinho a oferecer. É uma luta diária. A depressão vem, os problemas, o gatilho... tem que ser controlado pela sua mente", frisou.
Nos dias que correm, a vida de Mário Jardel divide-se entre a igreja, atividades físicas e alguns negócios familiares em Fortaleza.
"Levo uma vida bem familiar, até porque - por prevenção pelo que passei - preservo-me de muitas coisas que me faziam mal. Hoje levo uma vida bem serena, tranquila, a fazer os meus eventos fora do Brasil e jogos particulares. Recebo bastantes convites, até porque tenho que pagar contas. Não ganho mais um salário milionário, procuro ter uma vida com a família, bem regrada, com cuidados por tudo que passei. Depois de parar [de jogar], hoje tenho consciência de que isso teria que ser mudado. E foi", sustentou.
"Não sei quanto tempo (estou sem usar droga), mas é bastante tempo e tenho consciência de que hoje é mais um dia. Estou feliz com o meu estado atual. Tomo remédios para ajudar a dormir, antidepressivo, não tanto como antes, mas ainda uso", relatou ainda.
"Tenho muita fé em Deus, Ele manteve-me vivo pela minha mudança. Tendo em conta tudo o que fiz de errado, eu poderia já estar morto, mas sou um cara abençoado. Todos gostas de mim, não faço mal a ninguém. Só fazia a mim mesmo, mas hoje posso levantar a mão para o céu com muita confiança e discernimento de que estou a levar uma vida que Deus quer", finalizou o antigo jogador brasileiro.
Recorde-se que Mário Jardel foi campeão nacional ao serviço de FC Porto e Sporting, clubes onde conquistou a Bota de Ouro europeia, em 1998/99 (36 golos) e 2001/02 (42 golos).
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