O mercado de transferências em Portugal foi um dos últimos a fechar nas principais ligas europeias, com os clubes a terem até às 23h59 da passada segunda-feira para conseguirem reforçar os plantéis para a nova época. No entanto, o último dia deste defeso de verão trouxe muitas emoções ao Sporting, ao ver sair um avançado e entrar outro, mas a perder uma contratação por uma 'unha negra'.
Em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, Rui Barreiro fez o balanço do mercado de transferências e não escondeu a desilusão em não ter mais opções na frente de ataque, mostrando ainda o seu descontentamento após a venda de Conrad Harder.
O antigo dirigente do clube de Alvalade também indicou que espera que o emblema leonino esclareça o que se passou para que Jota Silva não fosse inscrito a tempo na Liga Portugal.
O 'desastre' da não contratação de Jota Silva
Uma novela que terminou da pior maneira para o jogador. Jota Silva viu a transferência para o Sporting cair nos últimos minutos da janela deste verão, que encerrou na noite de segunda-feira. Os leões até haviam chegado a um acordo com o Nottingham Forest, já nas derradeiras horas antes do fecho, mas acabaram por falhar a inscrição de Jota Silva na Liga Portugal em tempo útil, conforme adianta a imprensa desportiva.
"Há alguém que tem a culpa e espero que o Sporting venha esclarecer o que aconteceu em concreto. Guardar as contratações para a última hora é correr riscos desnecessários. O valor pelo qual a contratação seria fechada diminuía o 'perigo' para o negócio caso não corresse bem ao jogador no Sporting, pelo que não acho que tenha sido uma boa prestação. Não sei de quem foi a culpa, mas ainda vamos ter em breve um novo mercado de transferências em janeiro", apontou Rui Barreiro.
"Pessoalmente acho que o mercado poderia ter sido melhor gerido por Frederico Varandas. Vejamos o caso do Liverpool, que foi campeão da Premier League e investiu como nunca se viu. O Sporting manteve o treinador, manteve o núcleo duro do plantel, mas também era importante reforçar mais a equipa", analisou.
Mercado até começou de forma prometedora...
"Sinceramente, como pessoa que não assiste aos treinos, só posso fazer a avaliação pelos jogos que vejo e julgo que, no mercado de inverno da temporada passada, já tivemos muita sorte. Com Pedro Gonçalves lesionado, não contratámos alguém que pudesse ocupar essa posição, e só trouxemos Rui Silva e Biel Teixeira para o plantel. Correu bem, mas podia ter corrido mal...", disse o ex-conselheiro dos leões ao recordar o defeso de janeiro de 2025.
"Para esta temporada, acabámos por começar a contratar cedo, com o Kochorashvili e o Alisson a chegarem antes do início de 2025/26 e com alguma antecedência, que me parece o mais correto e dá mais opções de escolha ao clube sobre quem comprar e escapar à inflação do último dia de mercado de certos jogadores", continuou.
"Acabámos por perder o Gyokeres um pouco tarde demais no que toca a 'timings', mas parece-me que o Luis Suárez é um bom jogador e pode ser uma mais-valia para o Sporting, apesar de não ser igual ao Gyokeres, nem pouco mais ou menos", assegurou o antigo dirigente leonino.
... mas venda de Harder deixa dissabor
No entanto, a saída do goleador sueco acabou por nem ser a que mais custou aceitar para Rui Barreiro, dado que toda a envolvência da transferência de Conrad Harder para o RB Leipzig deixa muito a desejar, dado o potencial do jovem de apenas 20 anos.
"Não concordo com a saída do Harder. Basta olhar para as equipas que venceram os títulos nos últimos anos e vemos logo que o 'poder de fogo' é superior. Dado o potencial do jogador, em termos financeiros, rende pouquíssimo dinheiro, sendo que a nível desportivo, este negócio também não tem muitas vantagens para o Sporting, porque deixa de ter um jogador possante e forte na frente de ataque", revelou.
"Podem dizer que o Harder se foi embora e que vem o Ioannidis, mas é um jogador diferente e mais parecido até com Suárez. Não sei se ganhámos alguma coisa a nível financeiro e desportivamente deixámos de ter uma alternativa no banco diferente do Suárez. Não esquecer que o Ioannidis já vem referenciado pelo clube de há uns meses para cá e a sua não contratação na altura acabou por dar origem à compra do próprio Harder", lembrou Rui Barreiro.
"Se eu estivesse no lugar de dirigente do Sporting, face à idade do avançado dinamarquês, não teria vendido, mas é como disse, não conheço a postura em treinos e não sei as possíveis exigências que o jogador poderia ter quanto ao tempo de jogo. Se tivéssemos ficado com o Luis Suárez, o Ioannidis e o Harder, ficaria satisfeito, até porque o Sporting não se pode esquecer que também jogará esta época na Liga dos Campeões".
Soluções insuficientes para alguns casos do plantel
A lesão de Pedro Gonçalves sofrida em novembro do ano passado frente ao Sporting de Braga deu muito que falar no universo do Sporting ao longo da temporada passada. Com a data inicial prevista para o regresso a ser lançada para o passado mês de março, os adeptos leoninos aguardavam com esperança a chegada aos relvados. No entanto, tudo isso poderia ter sido 'dizimado' por uma recaída sofrida durante a recuperação, existindo risco de eventual intervenção cirúrgica.
"O Pedro Gonçalves continua a ser o único jogador com as suas características no plantel do Sporting e, esperemos que não aconteça, mas se ele se voltar a lesionar, voltamos a ter que fazer uma adaptação para a qual não teremos uma resposta muito positiva neste momento", atirou o antigo conselheiro do clube de Alvalade.
Leia Também: Bicampeão Sporting despede-se de Viktor Gyökeres e passa dos 180 milhões