José Mourinho concedeu, esta terça-feira, uma extensa entrevista ao portal brasileiro Sporty Net, na qual, entre outros temas, falou sobre o jogador brasileiro que acabou por "contribuir grandemente" para a "aceleração de cabelos brancos".
"Mais diferente no sentido de contribuir grandemente para a minha aceleração de cabelos brancos foi o Carlos Alberto, no FC Porto. Ele tinha 18 anos, chegou lá e fez história. É o segundo jogador mais jovem a marcar um golo numa final da Champions. O primeiro jogo que fez na Europa foi contra o Manchester United na Champions, teve um impacto tremendo e eu também era um jovem treinador. Rapaz superdivertido, mas contribuiu bastante para isso", começou por dizer Mourinho, antes de recordar alguns nomes como Deco, Derlei, Lucas Moura, Clayton e até Fred, Talisca e Becão que orienta atualmente nos turcos do Fenerbahçe.
"Tive jogadores fantásticos, Deco foi fenomenal e teve uma carreira posterior, agora tenho Fred, Talisca, Becão… Tive sempre muitos jogadores brasileiros na minha história e, sem querer ferir suscetibilidades, o meu Derlei no FC Porto e o Lucas Moura no Tottenham, mais o Clayton… Há muitos jogadores brasileiros que não é serem apenas meus jogadores, que ficaram amigos para a vida", vincou.
José Mourinho falou, ainda, sobre o rumor que o ligou à seleção brasileira, referindo que o seu objetivo passa por orientar a seleção portuguesa.
Muitas pessoas falaram comigo sobre isso, mas honestamente também era uma coisa que não me interessava, então não procurei desenvolvê-la. Estou fora de Portugal desde 2004 e acho que o meu país não aceitaria que treinasse uma seleção que não fosse a minha. O meu destino em termos de seleções é fazer um Mundial pela seleção portuguesa. Nunca pensei em comandar a seleção brasileira. A minha primeira experiência tem de ser com Portugal e depois as pessoas têm de entender que sou profissional e que posso treinar outras seleções, mas sempre seleções com as quais tenho algo que me una. Brasil obviamente pela relação histórica com os nossos países, Inglaterra porque é a minha casa, Itália trabalhei lá vários anos, mas a primeira experiência em seleção tem de ser a minha", confidenciou.
Mourinho elogiou ainda o trabalho dos treinadores portugueses no Brasil, nomeadamente o de Abel Ferreira, e recusou a hipótese de orientar uma equipa brasileira.
"Obviamente que vejo com enorme satisfação as coisas que eles fazem no Brasil. Acho que o Abel é obviamente a grande referência. Não só pelo que ganhou, outros também ganharam, o Jorge Jesus e o Artur Jorge ganharam a Libertadores, por exemplo. Mas o Abel ganha a Libertadores, Brasileirão, está um, dois, três, quatro, cinco anos. Faz uma coisa que é difícil de fazer, que normalmente os treinadores não fazem, que depois de ganhar muito, é hora de fugir. E ele não tem fugido", referiu o setubalense.
"É uma instabilidade demasiado grande. Acredito sempre que a minha melhor época é a segunda e não a primeira, porque a primeira serve para aprendizagens a todos os níveis. No Brasil, não se pode falar nunca na segunda época porque o trabalho é acabar o primeiro mês e não o primeiro ano. Se isso prejudica o futebol brasileiro? Acho que sim, é uma rotatividade permanente e os jogadores não adquirem rotinas ou dinâmicas, hoje jogam para o treinador A e depois para o treinador B. Acho que a nível da competição interna é mais difícil assim", acrescentou sobre a hipótese de treinar no Brasil.
José Mourinho negou ainda ter havido qualquer proposta do Fenerbahçe por Neymar em algum momento.
"Não houve nada, acho que ele não está nem aí. Ele pode escolher o seu futuro e onde está mais feliz, já ganhou ao nível europeu a competição maior, ganhou na Arábia financeiramente aquilo que… nem vale a pena pensar nos zeros. Agora volta ao Brasil, à sua paixão e seguramente esta mais interessado no ano que termina com o Mundial (2026), que para vocês brasileiros é importantíssimo e para ele, que teve tantas frustrações na canarinha. Acho que esse vai ser um grande foco", finalizou.
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