Martim Mayer pronunciou-se esta quarta-feira acerca do tema da centralização dos direitos televisivos e do afastamento da direção comandada por Rui Costa do processo de discussão do mesmo. O candidato à presidência do Benfica considera que é um perigo económico para o clube da Luz ter esta "passividade".
"É para mim inaceitável deixar que este processo progrida, e se a atual direção do Benfica se mantiver com este grau de passividade, o prejuízo para o clube será gigantesco. O Benfica tem a obrigação de denunciar esta situação e de o fazer sem reservas. Não pode continuar a deixar que o processo avance sem a sua decisiva participação", escreve na nota oficial publicada no site da sua campanha "Benfica no Sangue".
Esta é uma questão que poderá ter implicações financeiras para o emblema das águias, visto que, segundo Martim Mayer, estão em causa cerca de "40% das receitas do clube".
De recordar que, além de Martim Mayer, também já o atual presidente, Rui Costa, e os opositores João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas e Cristóvão Carvalho tornaram pública a intenção de se envolverem no sufrágio que ditará o próximo presidente do clube da Luz. Já Luís Filipe Vieira poderá ser o próximo a anunciar a corrida por um cargo onde esteve durante 18 anos.
Confira o comunicado do candidato presidencial do Benfica na íntegra:
"A decisão sobre a centralização dos direitos televisivos só faz sentido se o objetivo final for a valorização do Produto Futebol Português.
A Liga centralização pretende negociar os direitos televisivos sem investimento e tornando-se instantaneamente num especialista na matéria. Como se isso fosse possível!
Se assim for, o resultado só pode ser mau e esta oportunidade para o futebol português sairá fracassada. Pior, teremos 17 clubes a hipotecar o futuro do futebol português em troca de um encaixe financeiro que será feito à conta de um só clube: O Benfica. E isso é inadmissível.
Se olharmos para o exemplo da Liga espanhola e da Liga francesa, verificamos que em ambos os casos houve a entrada de um investidor institucional que garantiu capacidade de investimento para melhorar o produto televisivo e também o posicionamento estratégico de quem já está bem implementado nos canais de venda do produto. Um especialista na área e não alguém sem qualquer experiência ou implementação no negócio.
A Liga centralização já recebeu propostas semelhantes de várias instituições estratégicas no setor, para fazerem o que é também inevitável para a Liga Portugal: investir 400 milhões de euros direcionados para a melhoria da infraestrutura dos Estádios de todos os clubes da Liga para uma melhoria drástica do produto televisivo e, simultaneamente, colocar o produto futebol português no Mundo através dos mesmos canais com que têm divulgado as ligas anteriormente referidas.
Neste caso, acontece o incontornável investimento necessário e garante-se o posicionamento do produto através da entrada de um parceiro estratégico, mas misteriosamente a Liga Centralização insiste em ignorar esta via. Porque será?
É para mim inaceitável deixar que este processo progrida, e se a atual direção do Benfica se mantiver com este grau de passividade, o prejuízo para o clube será gigantesco.
O Benfica tem a obrigação de denunciar esta situação e de o fazer sem reservas. Não pode continuar a deixar que o processo avance sem a sua decisiva participação. Pelo contrário, tem de garantir que a via escolhida é a certa para o futebol português e é a certa para o Benfica: defender de imediato a entrada do parceiro estratégico e marcar o ritmo do processo de negociação e concretização da operação.
Ou será que 40% das receitas do clube não têm suficiente peso eleitoral para que se preste ao tema a devida atenção?
Não basta apontar o dedo ao que está a ser mal feito porque isso não resolve o problema. É preciso indicar a solução. Esta é a solução que proponho e apelo a todos os Sócios para que juntos façamos a pressão necessária para garantir a defesa dos interesses do Benfica.
É que neste processo de centralização dos direitos televisivos, não há meio termo: ou paga o investidor estratégico ou paga o Benfica."
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