Da 'carreira' no futebol aos recordes nos saltos. Começa o Mundial de ski

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Martin Schmitt, um dos maiores nomes da história da modalidade, explica o que se pode esperar na reta final da Taça do Mundo dos saltos de ski.

Germany's Martin Schmitt reacts as his team wins the gold medal in Team K120 Ski Jumping at Utah Olympic Park Monday. Schmitt's final jump gave Germany the win.  (Photo by Gina Ferazzi/Los Angeles Times via Getty Images)

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Davide Araújo com Francisco Amaral Santos
26/02/2025 07:37 ‧ 26/02/2025 por Davide Araújo com Francisco Amaral Santos

Desporto

Exclusivo

Os campeonatos mundiais de ski arrancam esta quarta-feira, em Trondheim, naquela que é uma das últimas provas da Taça do Mundo de saltos de esqui e que pode trazer surpresas numa pista norueguesa.

 

Quem o diz é Martin Schmitt, uma das referências mais fortes na modalidade de inverno. Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Schmitt fez uma antevisão do que a prova poderá trazer à luta pelo Globo de Cristal.

O antigo saltador, que foi campeão do mundo em 1998/99 e 1999/00 e campeão olímpico em 2002, fez ainda uma retrospetiva aos melhores momentos da carreira, assim como da evolução da modalidade e as dificuldades que esta traz.

Notícias ao Minuto Martin Schmitt é agora comentador especialista na Eurosport © Eurosport

Os saltos de esqui não são o desporto mais comum na Alemanha. O que o fez escolher e apaixonar-se por esta modalidade?

Enquanto miúdo pratiquei vários desportos, não a nível competitivo, mas experimentei muitas coisas. Tenho um irmão mais velho e nós éramos muito entusiastas pelos desportos de inverno. Eu também jogava futebol no verão, mas no inverno ficávamos muito interessados no ski alpino e nos saltos de ski. Víamos todos os mundiais na televisão e até tínhamos uma pequena pista, que construímos numa colina no nosso quintal, com não mais de seis metros, onde fazíamos as nossas competições um contra o outro e com amigos. Esse foi o primeiro contacto real com os saltos de ski e, depois, o meu irmão perguntou ao meu pai se podia saltar numa pista ‘a sério’ e acabou por levá-lo um dia e apaixonou-se de imediato. Um ano depois, também eu estava a começar a minha jornada no desporto.

Os seus pais ficaram com medo de começar a saltar ou tinham confiança?

A minha mãe estava um pouco receosa no início, mas os meus pais sempre me apoiaram, mas claro que, quando se chega a casa com os primeiros ossos partidos, as coisas mudaram um bocadinho [risos]. Mas sempre nos apoiaram sem colocar qualquer tipo de pressão.

O Torneio dos Quatro Trampolins é uma das competições mais difíceis de conquistar. O que tem de tão particular?

É uma competição com quatro eventos, muitas coisas podem mudar, estamos muitas vezes dependentes das condições climáticas, da nossa condição física, temos de nos manter saudáveis durante esses 10 dias. É muito intenso, há muita pressão porque está tudo muito atento a essa competição, tudo pode acontecer e ser alterado até ao último evento e isso é muito desafiante, mas também muito entusiasmante. No fim, este desporto é sempre um jogo mental contigo mesmo e tens de aguentar esta mistura de sentimentos.

Em março de 1999, Planica foi palco do seu recorde mundial, com um salto de 214.5 metros. Qual foi o sentimento durante o salto e quando aterrou? Estava a par de que tinha batido o recorde?

Foi uma competição entusiasmante, num fim de semana difícil, porque estava a lutar pela Taça do Mundo e no primeiro dia saltei uma distância suficiente para o recorde mundial, mas sofri uma queda na primeira ronda e perdi a Taça do Mundo por causa disso. Na segunda ronda estava muito motivado porque sabia que havia uma possibilidade [de bater o recorde], acho que estava a tentar esticar o salto em demasia durante o voo e perdi um pouco o equilíbrio e acho que foi uma situação muito perigosa. No fim, foi o suficiente para conseguir o recorde mundial, mas no momento só estava a tentar aterrar em condições, que era o objetivo. Mas foi muito bom, apesar de ter perdido o recorde um ou dois dias depois, mas pelo menos estou na lista [risos], que é muito bom e foi um sentimento incrível ter saltado uma distância que nunca ninguém tinha alcançado.

Neste momento, o recorde é um pouco maior, com 253.5 metros de distância, saltados por Stefan Kraft em Vikersund. O que esta pista tem de particular para ter os últimos seis recordes mundiais?

Vikersund é provavelmente a pista onde consegues saltar as maiores distâncias, a trajetória da rampa não é muito alta e estás muito próximo da pista. Consegues saltar grandes distâncias muito facilmente, no ponto de vista da aterragem, Planica tem o mesmo tamanho, mas é mais complicada na forma de aterrar devido à trajetória.

Acredita que este recorde será alguma vez batido?

Pode ser que no futuro sejam feitas novas pistas ou alterações nas existentes e aconteçam novos recordes mundiais. O Ryoyu Kabayashi fez um salto numa pista temporária na Islândia com 291 metros de distância, por isso é possível saltar mais longe mas para isso tinham de voltar a construir a pista e um dia será certamente possível saltar acima dos 300 metros.

Como vê a evolução da modalidade?

A evolução está sempre a acontecer, o desporto dos saltos de ski está sempre a progredir no que toca a infraestruturas. Neste momento, o desporto está muito volátil, sendo que uma mudança nas técnicas usadas podem alterar os resultados obtidos numa escala enorme.

Os Mundiais de Esqui começam esta quarta-feira. Quem tem como favoritos para a competição dos saltos?

Há muitos saltadores capazes de vencer e de sonhar chegar ao mais alto nível, pelo que é difícil prever o próximo campeão do mundo em Trondheim, vamos ver. Acho que os austríacos, claro, estão na melhor posição para conseguirem o título, mas o Ryoyu Kabayashi parece estar na sua melhor forma mesmo a tempo, visto que ganhou os últimos dois eventos no Japão, por isso há vários candidatos. No entanto, acredito que os mais favoritos serão a Áustria, com três saltadores [Daniel Tschofenig, Jan Horl e Stefan Kraft], os noruegueses, que vão saltar em casa e o Ryoyu Kabayashi. É um evento principal, há sempre espaço para surpresas que tornem as coisas interessantes, por isso estou curioso pelo Campeonato do Mundo para ver quem poderá ser a ‘ovelha negra’ em Trondheim.

Com 47 anos, ainda se podia tornar no vencedor mais velho de sempre de uma prova do circuito da Taça do Mundo. Acredita que estaria à altura desse desafio?

[Risos] Acho que devia. Vou preparar os meus esquis e meter-me em forma. Mas diverti-me muito no meu desporto e acho que é melhor para todos se ficar de fora.

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