Apesar da aprovação por unanimidade, o acordo foi muito criticado pelo PS (na oposição), cujo líder da bancada, Ferreira da Silva, prometeu que, caso os socialistas saiam vitoriosos das próximas autárquicas, o mesmo contrato será revisto, por o considerar lesivo para o clube de futebol que milita na Liga 3.
O contrato agora aprovado permite a possibilidade de outros clubes do concelho poderem usar gratuitamente um estádio que é propriedade do município e a aplicação de parte das receitas das rendas dos seus espaços comerciais na manutenção do equipamento (em 2022/2023 a Briosa arrecadou mais de 300 mil euros), que será controlada por uma comissão de acompanhamento.
O remanescente poderá ser aplicado no futebol de formação e na constituição de uma equipa de futebol feminino (não profissional) por parte da AAC-OAF.
O novo acordo retira à Académica a possibilidade de poder utilizar o estádio para outros eventos que não desportivos e o clube deixa de receber qualquer contrapartida pela utilização do equipamento para a organização de outros eventos (em 2023, foi o clube de futebol que recebeu 300 mil euros para se poderem realizar os concertos dos Coldplay no estádio).
Ferreira da Silva considerou que o executivo não negociou o acordo com a Académica, acusando-o de "impor" o contrato agora aprovado, salientando a cláusula que determina que a Câmara de Coimbra apenas tem de comunicar à Académica, com uma antecedência de 60 dias, da necessidade de libertar o estádio para outros eventos.
Em declarações à agência Lusa, Ferreira da Silva esclareceu que uma eventual revisão do acordo estará centrada nessa cláusula que obriga o clube de futebol a libertar o estádio quando assim pedido pelo município, considerando que essa cedência não poderá decorrer durante a época desportiva, já que o equipamento tem como principal finalidade a prática de desporto.
Já o deputado do movimento Cidadãos por Coimbra (CpC) João Malva considerou o novo acordo como "positivo", mas lamentou a demora na sua aprovação.
Também a CDU, pelo deputado João Pinto Ângelo, considerou o acordo "muito mais equilibrado" do que o anterior, não pondo "em causa os interesses mínimos das partes".
O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, vincou que o anterior contrato de gestão não estava de acordo com a legislação em vigor, podendo ser considerado um financiamento por parte da autarquia a um clube de futebol profissional.
"Não sei se é o acordo perfeito, mas que é inequivocamente mais claro e defensor do interesse público do que o anterior contrato disso não temos dúvidas nenhumas", asseverou, salientando que é importante "saber separar clubismos de governação pública" e que "o interesse público" deverá estar sempre em primeiro lugar.
Questionado pela agência Lusa, José Manuel Silva referiu que espera assinar o novo acordo com a Académica na quarta-feira.
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