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"Ver a seleção portuguesa de hóquei no gelo nas Olimpíadas é um sonho"

O Desporto ao Minuto falou, em exclusivo, com Jim Aldred, selecionador nacional de hóquei no gelo. O canadiano emigrou para Portugal há sete anos e tem tentado desenvolver a modalidade no país de diversas formas, reclamando a necessidade de um ringue adequado.

 "Ver a seleção portuguesa de hóquei no gelo nas Olimpíadas é um sonho"
Notícias ao Minuto

08:08 - 27/02/24 por David Silva

Desporto Exclusivo

Com clima temperado, mediterrânico, e uma cultura desportiva focada no futebol, o hóquei no gelo é, ainda, uma modalidade subdesenvolvida em Portugal. Este tipo de desporto, muito popular no Canadá, Estados Unidos da América, Rússia ou Suíça, dá os primeiros passos no nosso país muito por culpa de um canadiano - Jim Aldred.

Jim emigrou para Portugal há sete anos porque a mulher é natural do nosso país. Os sogros quiseram passar a reforma no país-natal, e Jim, atualmente com 61 anos de idade, veio com a mulher. 

"Viemos para cá e, durante um ano e tal, estive na praia, a beber vinho e a comer boa comida, mas eu sou um homem do hóquei. Tentei ver se havia alguém a jogar hóquei no gelo e havia alguns, mas nada sério. Conheci algumas pessoas que jogavam hóquei inline, em Sintra. Começamos a jogar também hóquei no gelo e foi assim que tudo começou", começa por contar, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto.

   Gostava de ver, um dia, a seleção nacional de hóquei no gelo a disputar as Olímpiadas"Começámos a jogar alguns torneios. Nessa altura, ainda não pertencíamos à federação. Sabia que, se quiséssemos avançar com o hóquei no gelo neste país, teríamos de estar federados. A única compatível era a FDI [Federação de Desportos de Inverno em Portugal]. Abordaram-nos, fizemos uma reunião em Lisboa com alguns praticantes", e aí surgiu a filiação à federação, em 2017.  

"Até nos juntarmos à federação, pagávamos tudo dos nossos bolsos. Depois disso, tivemos apoio financeiro. Foi a melhor maneira, porque, se não, seria tudo muito caro", explica o homem natural de Toronto, até porque os jogadores "não são profissionais". "São amadores, alguns portugueses, outros são da Suíça, mas têm raízes portuguesas. Alguns vêm de propósito para jogar, quando vamos a torneios", conta Aldred.

A seleção já disputou torneios, em Andorra ou na Eslováquia. O sonho de Jim, que praticou a modalidade, entre 1979 e 1988, em Canadá, Estados Unidos da América e Países Baixos, é levar Portugal oa Jogos Olímpicos de Inverno, apesar de saber das dificuldades inerentes. 

"É um sonho, gostava de ver um dia a seleção nacional de hóquei no gelo a disputar as Olímpiadas. Jogar nas qualificações, tentar jogar nuns Jogos Olímpicos. Também em Campeonatos Mundiais... É um sonho e uma longa estrada, ainda não estamos, sequer, perto disso, mas temos de continuar a trabalhar", refere o selecionador nacional, admitindo que isso será muito difícil de atingir nesta década. 

Notícias ao Minuto [A seleção nacional reunida no balneário, com Jim Aldred em pé, à esquerda]© FDI  

Desenvolvimento da modalidade "desde o topo e desde a base"

A modalidade passa 'ao lado' da agenda mediática desportiva. Para começar a desenvolvê-la, o canadiano promoveu a criação de equipas, como por exemplo o HC Porto, que treina ao mesmo tempo da seleção nacional. Conseguiu com que essa equipa disputasse o campeonato espanhol.

"Espanha está muitos anos à nossa frente. Eu pensei que a melhor maneira de impulsionar o hóquei no gelo seria ter um clube de topo que jogue numa grande Liga, reconhecida por todo o mundo, para as pessoas notarem em nós. Temos de nos desenvolver desde o topo e desde a base", refere.

Mais recentemente, foi criada uma Liga nacional de hóquei no gelo 3x3, com quatro equipas em competição - Ice Clube da Covilhã, Grupo Castelense, Luso Lynx e o já referido HC Porto. Já se disputaram duas jornadas da Liga, no Ice Hockey Arena, na Serra da Estrela. 

"Criar uma Liga serve para continuar a desenvolver interesse no desporto. Podemos treinar, mas queremos jogar jogos também. Ainda não há um ringue de dimensões adequadas, mas criámos a Liga para manter os jogadores interessados e talvez mais pessoas notem na modalidade e tenham interesse em começar jogar", explica.

Além disso, Aldred promove treinos com crianças e jovens adolescentes todos os sábados, na Serra da Estrela. "Tenho notado que, após a criação do HC Porto, eles têm algo em mente para trabalhar. Eles pensam, 'Posso jogar nesta equipa e em Espanha'", conta o canadiano. 

O principal entrave ao desenvolvimento da modalidade, segundo Jim Aldred, é mesmo a falta de um ringue adequado, o que implica investimento. "Se quisermos falar do topo da indústria, custaria 10 ou 15 milhões de euros. Um de tamanho olímpico, três ou quatro milhões de euros. Se for construído apenas um pavilhão mais básico, talvez um milhão ou dois. Devia ser numa área densamente populada, em Lisboa ou no Porto", especifica. 

Acima de tudo, há algo ainda mais profundo que torna difícil a implementação da modalidade em Portugal. "O maior problema é a cultura. Sou do Canadá, onde o hóquei é o desporto número um. Os miúdos só veem futebol, não veem hóquei no gelo. Os jogos são transmitidos à uma ou duas horas da manhã. Que crianças estão acordadas a essa hora? É muito difícil competir com o futebol. O hóquei no gelo é muito popular a nível mundial, só quero dar aos miúdos a oportunidade de jogar outro desporto", concretiza Jim Aldred. 

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