Sofrimento, emoção e história. Muita história. Portugal carimbou o quarto triunfo consecutivo na caminhada para o Euro'2024, esta terça-feira, ao vencer na Islândia por 1-0, com um golo do inevitável Cristiano Ronaldo ao cair do pano, naquela que foi a sua 200.ª internacionalização - um marco para a história do futebol português... e mundial.
O avançado madeirense teve direito a uma homenagem com presença do Guinness antes do arranque da partida, antecedendo um primeiro tempo em que Portugal até entrou melhor, mas permitiu que os islandeses assustassem Diogo Costa, sem muita história para contar.
A segunda parte trouxe uma seleção nacional com mais atitude, ainda que de forma algo 'tímida'. Roberto Martínez fez mexidas - algumas que deixaram dúvidas numa altura em que Portugal precisava urgentemente de marcar - e as perspetivas acabaram por ficar mais animadas quando Willumsson recebeu ordem de expulsão, por entrada dura sobre Gonçalo Inácio.
A jogar em superioridade numérica nos últimos dez minutos (mais compensação), a seleção nacional conseguiu chegar ao tão desejado golo através do futebolista que possivelmente o mais desejava. Cristiano Ronaldo aproveitou uma assistência de Gonçalo Inácio para decidir o jogo e, apesar de ter visto os festejos travados pelo assistente numa primeira instância, seria o VAR a permitir a festa de toda a nação portuguesa.
Desta forma, Portugal consolidou a liderança do grupo J da caminhada para o Euro'2024, com 12 pontos em 12 possíveis, numa noite histórica para Cristiano Ronaldo, para o futebol português e, claro, para o desporto mundial.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Cristiano Ronaldo assume-se, inevitavelmente, como a figura do encontro, sobretudo por ter marcado o único golo do encontro, capaz de deixar uma Nação a sorrir num dia histórico para o futebol mundial. Após ter sentido a frustração de falhar duas ou três situações em que ameaçou verdadeiramente o golo (com foras de jogo à mistura), o experiente avançado marcou ao cair do pano, viu o árbitro assistente levantar a bandeirola e o VAR permitiu a festa de toda uma nação portuguesa. O golo 123 à exibição 200 pela seleção.
Surpresa
Gonçalo Inácio surpreendeu, desde logo, por ter sido uma das primeiras opções a serem utilizadas por Roberto Martínez a partir do banco, quando se pedia que Portugal fosse mais agressivo na frente, sem necessidade de mexidas no setor mais recuado. Ironicamente ou não, o defesa do Sporting, além da solidez deu à equipa nos últimos 25 minutos, foi responsável pela assistência para o golo do avançado do Al Nassr. Uma substituição que revelou ser acertada pelo potencial de um jovem em crescimento.
Desilusão
Willum Thor Willumsson entrou com tudo numa disputa de bola com Gonçalo Inácio e acabou por ver o segundo amarelo (e consequente expulsão) e deixou a Islândia a jogar com dez elementos nos instantes finais, algo que Portugal acabou por aproveitar para chegar à vitória. A juntar a esse momento-chave para a partida, o médio acumulou algumas perdas de bola e permitiu que a seleção portuguesa fosse conseguindo ter alguma fluidez numa das alas, apesar dos cruzamentos mal aproveitados.
Treinadores
Age Hareide terá montado uma estratégia que surpreendeu Roberto Martínez, sobretudo na primeira parte, com uma divisão equilibrada em torno das oportunidades criadas. A ideia no segundo tempo poderá ter passado por solidificar processos à defesa e sair no contra-ataque (algo que aconteceu duas ou três vezes), mas os planos saíram furados já depois da expulsão de Willumsson à entrada para os últimos dez minutos, precisamente quando Portugal conseguiu chegar ao golo.
Roberto Martínez optou por promover quatro alterações em relação ao onze apresentado frente à Bósnia e Herzegovina (3-0), com as entradas de Pepe, Dalot, Rúben Neves e Leão para os lugares de António Silva, Guerreiro, Palhinha e Félix, respetivamente. Após um primeiro tempo 'morno', o discurso ao balneário terá alertado a equipa que, mesmo com uma reação 'tímida', chegou ao golo, já depois de algumas substituições algo incompreensíveis numa primeira instância (mas algumas com resultados, como a de Inácio).
Árbitro
Daniel Siebert tentou controlar o jogo a seu ritmo, mas nem sempre nas melhores condições, sobretudo quando preferiu admoestar Finnbogason com um amarelo à beira do intervalo, após uma cotovelada a Pepe que merecia um cartão de outra cor. O árbitro alemão acertou na expulsão de Willumsson e, já ao cair do pano, apesar da falha do seu assistente em sinalizar a posição (ir)regular de Gonçalo Inácio, soube ouvir o VAR para validar o decisivo golo de Cristiano Ronaldo. Já terá tido dias melhores...
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