Direitos humanos em causa. FIFA 'amordaçou' o arco-íris no Qatar

A 'mordaça' imposta pela FIFA no Mundial2022 de futebol, a decorrer no Qatar, impediu 'capitães' de envergar a braçadeira arco-íris, mas não manifestações de solidariedade transversal com a comunidade LGBTQI+ naquele país.

Belgium v Morocco - FIFA World Cup Qatar 2022 - Media Activities 25/11/2022

© Getty Images

Lusa
03/12/2022 09:44 ‧ 03/12/2022 por Lusa

Desporto

Mundial'2022

Embora para os portugueses a causa tenha sido mais visível quando um adepto invadiu o relvado do Estádio de Lusail, durante o Portugal-Uruguai (2-0), da segunda jornada do Grupo H, 'empunhando' uma bandeira arco-íris -- e vestindo uma t-shirt' com a inscrição "Respect for iranian woman [respeito para as mulheres iranianas]" na parte de trás e "Save Ukraine [salvem a Ucrânia]" na parte da frente -, as manifestações de apoio à comunidade LGBTQI+ do Qatar têm sido inúmeras.

Se Mario Ferri, o adepto italiano, de 35 anos, com historial de invasão de relvados, escolheu uma bandeira com a inscrição 'Pace' (paz, em italiano), uma versão que atravessou vários protestos em Itália, desde a luta anti-armas nucleares ao próprio movimento Pride, a antiga primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, estampou o arco-íris nas mangas do fato, na indumentária escolhida para assistir 'in loco' ao Dinamarca-Tunísia.

Não foi a única: também a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, 'desafiou' a FIFA ao usar a braçadeira 'One Love', 'vetada' aos futebolistas, quando se sentou ao lado do presidente do organismo, Gianni Infantino, para assistir ao Alemanha-Japão, o jogo que deixou uma das imagens mais fortes deste Mundial: a do 'onze' alemão alinhado, com a boca tapada.

"Com ou sem braçadeira, mantemos a nossa posição", lia-se na fotografia desse momento, publicada 'a posteriori' pela federação alemã na rede social Twitter, que, num texto, explicou que o gesto dos seus jogadores não se tratava de "uma manifestação política".

"Os direitos humanos não são negociáveis. Isso devia ser uma certeza, mas ainda não é o caso. É por isso que esta mensagem é tão importante para nós. Negar-nos a braçadeira é o mesmo que negar-nos termos voz", justificou a DFB, em alusão ao veto da FIFA à braçadeira 'One Love'.

Em setembro, as federações de Países Baixos, França, Alemanha, Suíça, Dinamarca, Bélgica, Inglaterra e País de Gales uniram-se na vontade de se expressarem com a iniciativa 'One Love', defensora de igualdade, pretendendo envergar simbolicamente, no Qatar, uma braçadeira com aquela inscrição e as cores do arco-íris.

A polémica foi escalando de tom -- com as autoridades do Qatar a manifestarem o seu descontentamento -- e, na véspera do início da competição, a FIFA acabou por 'proibir' o uso daquela braçadeira.

"A FIFA foi muito clara, irá impor sanções desportivas se os capitães usarem as braçadeiras em campo. Como federações nacionais, não podemos pedir aos nossos jogadores que arrisquem sanções desportivas, incluindo cartões amarelos", indicaram as federações de Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça, num comunicado conjunto, em 21 de novembro.

Antes da 'capitulação' destas sete seleções, que se assumiram "frustradas" pela inflexibilidade da FIFA, já a França tinha recuado, com o seu 'capitão', o guarda-redes Hugo Lloris, a revelar que não iria usar a braçadeira.

Mas o organismo que superintende o futebol mundial não ficou por aí, iniciando uma verdadeira 'caça' ao arco-íris durante o torneio: o 'capitão' alemão Manuel Neuer viu um árbitro assistente 'inspecionar' a sua braçadeira, para certificar-se que esta não incluía a inscrição 'One Love', enquanto a Bélgica viu recusada a pretensão de usar uma etiqueta com a palavra 'Love' (amor) no equipamento.

As bancadas também não escaparam, com diversos espetadores a relatarem episódios em que foram impedidos de entrar com símbolos arco-íris nos estádios de um país em que a homossexualidade é punida por lei.

Se alguns, como os futebolistas portugueses ou o 'capitão' francês Lloris, preferiram manter-se à margem da polémica, outros como o gaulês Antoine Griezmann mostraram que o futebol também pode ser a montra ideal para defender causas.

"[A comunidade LGBTQI+] terá sempre o meu apoio, independentemente de onde esteja no mundo. Mas sou um futebolista, é a minha profissão. O meu país convoca-me para jogar uma competição e eu venho com muito orgulho. Mas eles terão sempre o meu apoio, todo o meu respeito", declarou, na sexta-feira.

Leia Também: Regulamentos da FIFA consagram igualdade, mas também "limitam" jogadores

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