As notícias sobre a saída de Matheus Nunes caíram que nem uma 'bomba', na segunda-feira. O médio do Sporting fazia parte do núcleo duro de Rúben Amorim, o qual se manteve graças à vendas das "gorduras" do plantel.
A resistência da direção leonina acabou por 'tombar', com o fechar do negócio com o Wolverhampton. Depois de duas partidas na nova temporada, Matheus Nunes estará de saída para a Premier League.
Em exclusivo ao Desporto ao Minuto, Miguel Garcia, antigo jogador do Sporting, analisou a transferência do médio para Inglaterra, um negócio impossível de ser recusado por Frederico Varandas.
"Quem está no mundo do futebol, sabe que, até ao dia 1 de setembro, tudo é possível. Já se falava da transferência do Matheus Nunes desde o final da época passada. Disse que estava muito bem no Sporting, mas, quando vêm propostas irrecusáveis, que, se calhar, são boas para ambas as partes, não é possível para o clube dizer que não", começou por dizer.
Miguel Garcia representou o Sporting entre 1997 e 2007, entre formação e seniores© Getty Images
Rúben Amorim terá feito esforços para manter os melhores jogadores. Matheus Nunes acabou por escapar entre os dedos com a competição em andamento, numa altura em que se afirmava como peça-chave da equipa leonina. Contudo, Miguel Garcia vê o negócio a acontecer com normalidade, e adivinhou algum planeamento da direção do clube para esta saída poder acontecer.
"Todos os treinadores gostam de manter os melhores jogadores. O Matheus Nunes fez uma época excecional e despertou interesse de muitas equipas, até do Manchester City. O Guardiola veio falar dele, e acredito que o Rúben Amorim estava ciente de que as saídas de Matheus Nunes, Palhinha e mais um ou dois jogadores poderiam estar para breve. Às vezes, não é mesmo possível manter jogadores, porque as propostas são irrecusáveis e os clubes têm de aceitar. O Sporting, se olharmos para três ou quatro anos atrás, era uma equipa que precisava de dinheiro, e, desde que a direção atual e Rúben Amorim chegaram ao Sporting, as coisas têm sido estruturadas, e acredito que a saída do Matheus Nunes tenha sido igualmente ponderada", acrescentou.
Matheus Nunes também manteve um discurso assertivo, garantindo que não pretendia deixar Alvalade. Contudo, uma troca de planos terá levado o internacional português a aceitar rumar a outras paragens, tratando-se, na opinião de Miguel Garcia, de um passo em frente na carreira.
"O jogador gosta sempre de melhorar as condições, não só financeiras, como desportivas. Vai para o melhor campeonato do mundo, vai para uma equipa que não vai lutar para ser campeã, mas que vai lutar pelas competições europeias, como já aconteceu noutras épocas. Nessa Liga, terá oportunidade de mostrar o seu valor e, quem sabe, no ano seguinte, chegar a um Manchester City", acredita.
Matheus Nunes jogou as duas primeiras jornadas da I Liga, com um golo frente ao Rio Ave© Getty Images
Quanto a valores, Miguel Garcia admitiu que 50 milhões de euros (45 milhões de base, com outro cinco milhões de bónus) acaba por ser um valor bastante aceitável pelo médio.
"É um excelente valor para o Sporting. Se for mesmo pelos 50 milhões de euros, é excecional. O Matheus é um jogador ainda novo... Acho que nem menos nem mais, é um valor justo para o jogador e para o Sporting", afirmou.
Ugarte e Morita (na foto) são as únicas opções para o meio campo do Sporting© Getty Images
No meio campo, Morita e Ugarte deverão ser as caras novas escolhidas por Rúben Amorim. Porventura, ficam assim esgotadas as opções do plantel, sendo que Daniel Bragança não conta por lesão. Para Miguel Garcia, o jovem médio português era o jogador ideal para render Matheus Nunes na equipa do Sporting.
"Infelizmente, o Daniel Bragança está lesionado, na minha opinião seria o jogador mais indicado para colmatar a saída do Matheus Nunes, mas, até janeiro, deverá estar incapacitado de jogar. Rúben Amorim, melhor que ninguém, será a pessoa certa para saber se, dentro do plantel, porque os jogadores do Sporting são muito polivalentes, saber se consegue arranjar solução", disse, apontando a uma possível ida ao mercado nacional.
"A política do Sporting não é contratar grandes nomes, é apostar mais no mercado interno. É isso que Rúben Amorim tem feito. Neste verão, foi Morita, em 2020 foram Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Matheus Reis... Já estavam habituados ao campeonato português, mas vai depender muito do dinheiro que o Sporting vai querer gastar. Mas é claro que tem de se reforçar, são várias competições, estão na Liga dos Campeões e precisam de ter vários jogadores para cada posição", concluiu.
Matheus Nunes vai deixar o Sporting ao fim de quatro temporadas. Chegou do Estoril para a equipa sub-23, ganhou destaque e foi lançado nos seniores pelas mãos de Rúben Amorim. Tornou-se peça fulcral no meio campo leonino, tendo feito 99 jogos pelo Sporting. Vai juntar-se ao Wolverhampton de Bruno Lage, que conta ainda com José Sá, Nélson Semedo, Toti Gomes, Rúben Semedo, João Moutinho, Pedro Neto, Daniel Podence, Chiquinho e Gonçalo Guedes.
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