Pedro Mil-Homens contou as conversas que teve com Rúben Amorim quando o tentou convencer a ser treinador dos sub-23 das águias. O diretor-geral da formação do Benfica recordou o convite que o agora técnico dos leões recusou em 2019 e explicou o porquê dessa recusa.
"O Rúben Amorim, neste contexto de plantéis que não estão trancados, equipas em que os jogadores sobem e descem, disse-me: 'Eu não sou capaz de trabalhar assim, não me vejo a trabalhar assim, nunca trabalhei assim, não quero ser o treinador de sub-23 que tem de dar jogadores'. Respondi: 'Mas Rúben, o projeto do futebol funciona assim. Não funciona de outra maneira'. Foi honestidade de Rúben Amorim, devo realçá-lo, ao dizer-me nesse contexto: 'Posso estar a fazer um grande erro, mas acho que não vai funcionar bem comigo'. Foi tão simples quanto isso. E, provavelmente, em abono da carreira do Rúben Amorim, estava certo. Não há nada errado em ter um treinador com um perfil mais adequado para trabalhar de uma determinada forma ou outros. Depende do que o treinador quiser para a carreira em determinado momento", começou por contar em entrevista ao jornal A Bola.
O dirigente falou ainda sobre o desvio de rota do Benfica ao despedir Bruno Lage e contratar Jorge Jesus para comandar a equipa principal. Pedro Mil-Homens admitiu ainda que não concordou com a mudança de treinador por saber que afetaria as oportunidades dadas aos jogadores jovens.
"Nessas circunstâncias, gere-se mal [as oportunidades aos jovens], porque nesse momento o Benfica fez uma alteração tática, não estratégica, que respeito, mas com a qual não concordei. O Benfica desviou-se de um rumo. Os resultados, infelizmente, estão à vista. Como é que se gere? Gere-se tendo confiança no rumo que se traça a montante. E não é porque as coisas correram mal numa determinada época que se deve alterar radicalmente o rumo traçado", afirmou.
Tendo em conta a conquista da Youth League, é esperado que haja um aproveitamento de jovens da formação por parte do novo treinador encarnado. Pedro Mil-Homens não garante quantos terão essa oportunidade, mas espera poder contribuir para a equipa principal com qualidade da formação.
"Estamos à espera do nosso processo de diálogo com o futebol profissional, com o novo treinador, com quem ficar a tratar desses assuntos. Há uma necessidade de avaliação e de ponderação relativamente ao grau de prontidão competitiva destes jogadores. Não escondo que tudo dependerá muito da dimensão do plantel do futebol profissional. O que importa é que haja diálogo, disponibilidade para avaliar os jogadores que temos nestes patamares competitivos", acrescentou.
Leia Também: "Gostava que o Benfica ganhasse o Clássico para dar alguma emoção"