O nome de Guilherme Eloy dirá muito pouco a qualquer amante do desporto, porém este jovem está à beira de construir algo único para as cores lusas, tornando-se no primeiro jogador de futebol americano a receber uma oportunidade para jogar e estudar nos Estados Unidos.
Tem apenas 15 anos, mas transporta em si sonhos de enorme envergadura. Afinal, aos 13 anos, já se desafiava a atuar ao lado de outros desportistas que tinham mais do dobro da sua idade.
Atualmente nos Lisboa Lions, equipa do Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide, para dentro de poucos meses, em agosto, já estar ao serviço da Escola Secundária de Rabun Gap.
“Sonhei com isto, mas é algo impensável. Nunca pensei que ia ter esta oportunidade. Comecei a praticar futebol americano aos 13 anos contra pessoas que facilmente tinham mais 20 anos do que eu. Ao início foi bastante difícil…”, começou por dizer Guilherme Eloy, em conversa com o Desporto ao Minuto, explicando as primeiras dificuldades que sentiu quando rumou para essa modalidade.
“Ao início, era tudo muito novo. Tinha medo do contacto e não me sentia enquadrado com o resto dos colegas. Tentava sistematicamente colocar-me de canto e os meus colegas tiveram um papel primordial para que pudesse enraizar-me dentro do grupo. E tiveram sempre a preocupação de não me deixar de lado”, acrescentou, descrevendo, posteriormente, como sucedeu o primeiro jogo.
“No meu primeiro jogo, tinha quase a certeza de que não ia jogar, por força da minha idade e pelos riscos que isso acarretava. Mas o meu pai acabou por assinar o termo de responsabilidade e foi uma sensação incrível quando passei do treino ao jogo, e pude colocar em prática tudo o que já tinha aprendido”. De Portugal aos Estados Unidos há diferenças abismais e o “reconhecimento” é uma delas.
“O futebol americano tem um reconhecimento quase nulo em Portugal, comparativamente com outros desportos. Ao início, comecei por praticar esta modalidade mais como um hobby, e só aos 14 anos comecei a dar maior importância ao que estava a fazer. Neste momento, gostaria de me manter nos Estados Unidos, até porque o nível de oportunidades a nível laboral e desportivo é muito maior lá. É importante perceber que os Estados Unidos não olham para Portugal da mesma forma que olham para outros países, como por exemplo a Alemanha. O mercado cá é muito reduzido, comparativamente a outras nações europeias. Na Europa, há a EFL, onde estão clubes de países como Alemanha, Espanha, Inglaterra e Rússia, e de Portugal não há nenhuma. E os norte-americanos olham para esta competição como um mercado de prospeção. Ora, Portugal não estando lá, tudo fica ainda mais complicado. Eu não teria espaço para voar se continuasse aqui. O comboio só passa uma vez e esta pode ser a oportunidade que pode mudar a minha vida”, asseverou Guilherme Eloy, explicando quais são as metas a atingir em terras do Tio Sam.
“O meu principal objetivo vai ser organizar os meus estudos e evoluir a minha condição física. Importante será manter o foco e não distrair-me com pequenas coisas. Vou começar pelo High School [ensino secundário], depois o objetivo passa por atingir o nível College [NCAA] e, quiçá, talvez mais tarde, a NFL. Os americanos valorizam muito os estudos. E nós só rumamos à NFL quando chegamos ao draft, e para lá chegar tenho de conseguir excelentes notas para rumar a uma boa universidade. Os primeiros meses vão ser muito complicados, mas acredito que, com muito esforço e dedicação, irei lá chegar”, acrescentou Guilherme Eloy, que dá como exemplo Neemias Queta, que está perto de se tornar, aos 21 anos, no primeiro português a jogar na liga de basquetebol mais importante do mundo, a NBA.
“O Neemias Queta é uma inspiração para mim e inclusive já falei com ele. Ele vai ser o primeiro português na NBA, vai agora ao draft, e conversei com ele para recolher muita da experiência que ele já ‘bebeu’ nos Estados Unidos”, asseverou o desportista de 15 anos que já sonha com a manchete que deseja ler um dia em solo norte-americano.
“Guilherme Elloy escolhido na primeira ronda da NFL draft. Esse era o título que queria ler na manchete de um diário norte-americano”, rematou.
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