Em dia de duelo entre FC Porto e Chelsea, a contar para a primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, a revista britânica FourFourTwo publica uma extensa entrevista com Thiago Silva, na qual o jogador recorda o drama que viveu em Portugal.
O internacional brasileiro foi contratado pelos dragões ao Juventude, em 2004, antes de ser emprestado ao Dínamo Moscovo. Pelo meio, contraiu tuberculose, foi hospitalizado e chegou mesmo a estar às portas da morte.
"Aconteceu quando jogava pelo FC Porto B, e comecei a sentir muita dor no peito. Os meus amigos brincavam, diziam que só sentia falta da namorada e da família no Brasil. Cinco meses depois, eu e alguns jogadores portugueses assinámos pelo Dínamo Moscovo. Regressei a Portugal para a pré-época, e a dor piorou. Após vários testes médicos, descobriram que tinha tuberculose. Mas não me disseram logo, só quando regressámos a Moscovo", começou por dizer.
"Quando me mostraram os resultados, um dos meus pulmões estava completamente branco. Uma vez que já se estava a espalhar de um pulmão para o outro, o doutor disse que seria imediatamente hospitalizado durante quatro meses, o que me afetou muito. O quatro era muito pequeno e não tinha casa de banho, só um buraco no chão. No final, não foram quatro meses, foram seis", prosseguiu.
"Durante os três primeiros, não podia ver ninguém. A minha mãe e a minha namorada voaram para a Rússia. Na verdade, a Isabelle foi lá para acabar comigo, mas não seguiu em frente! Deixou tudo para trás no Brasil e ainda estamos juntos. A presença dela lá deu-me muita força. Só Deus sabe o que poderia ter acontecido se ela tivesse acabado comigo", completou.
Seis meses depois, Thiago Silva acabaria por deixar o hospital, mas ainda não completamente recuperado: "Houve uma intervenção vital do Ivo Wortmann, o treinador do Dínamo, que também tinha sido meu treinador no Juventude. Ele e o meu agente não deixaram o médico operar-me para retirar um lóbulo no pulmão. Regressei para Portugal, onde tinha um apartamento, e completei a recuperação lá".
"Um especialista em tuberculoso recomendou que andasse meia-hora de manhã até me sentir cansado, e depois recomeçar. A Isabelle trouxe a minha bicicleta, mas não conseguia aguentar cinco minutos. Sentia-me exausto. Mas não parei. Aos poucos, melhorei, e depois comecei a correr. Passados três meses, estava curado", rematou.
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