O jornal britânico Mirror publicou, este domingo, a segunda parte de uma extensa entrevista concedida por Paul Gascoigne, na qual o antigo internacional inglês 'abriu o livro' a propósito de ter sido internado contra a própria vontade, em 2013, numa clínica de reabilitação situada no estado norte-americano do Arizona.
'Gazza' (alcunha pela qual acabou por ficar conhecido, no mundo do futebol) chegou a passar por um período de 18 dias em coma induzido, provocado pela dependência do álcool. Agora, revela o próprio, teve mesmo de ser reanimado, fruto de complicações que surgiram durante uma intervenção cirúrgica.
"Olhando para trás, para aquilo que aconteceu, no Arizona, quando morri na mesa de operações, aquilo foi verdadeiramente assustador. Os médicos disseram que conseguiram ressuscitar-me. Eu voltei a mim e estava dopado como a me***. Eventualmente, peguei no telemóvel para ligar à minha família e disse-lhes 'Está tudo bem', sobrevivi, recuperei'", começou por afirmar.
"Lembro-me sempre de regressar a Newcastle e de ver uma mulher na rua. Ela parou e ficou especada a olhar para mim, quase desmaiou. Disse-me 'Pensei que estivesses morto'. Eu respondi 'É claro que não estou morto, f***-se (...). Mais tarde, descobri que as pessoas andavam a receber mensagens, nos estádios. Diziam que eu tinha morrido. Por isso é que a mulher pareceu ter visto um fantasma", prosseguiu.
"Digo-vos que, se tivesse ido para qualquer outra clínica de reabilitação, penso que teria morrido. Não consegui lembrar-me de muito, depois daquilo. Quando sofro uma recaída, lido com isso a frio, porque quero sentir a dor. No Arizona, assustou-me, mas não senti os efeitos, porque estava drogado. Fiquei por mais duas semanas. Ainda lá volto, por vezes, mesmo quando estou bem, apenas para me recordar do quão mal estava", completou.
Alex Ferguson deixou marcas: "Foi como estar no exército e ser repreendido por um sargento-mor"
Nesta mesma entrevista, Paul Gascoigne (atualmente, com 58 anos de idade) 'passou a limpo' o 'escaldante' verão de 1988, quando trocou o Tottenham pelo Newcastle, a troco de uma verba na ordem dos cinco milhões de euros, depois de ter estado a um passo de assinar... pelo Manchester United. Tudo por influência do falecido pai, John.
"Recentemente, regressei a Old Trafford, e o Fergie [Sir Alex Ferguson, o treinador que, na altura, orientava o Manchester United] deu-me o devido arraso por causa disso. Ele disse 'Não consigo acreditar que me disseste para ir de férias e desfrutar, e, depois, assinaste pelos spurs. Foi como estar no exército e ser repreendido por um sargento-mor", atirou.
"Terry Venables [com quem partilharia balneário, no Tottenham] foi para Barcelona e adorou, por isso, disse-me que eu deveria tentar jogar no estrangeiro. Por isso, eu não teria ido para a Lazio, se tivesse assinado pelo Manchester United. Casei-me e divorciei-me, desiludi a minha família, por vezes, mas, no geral, há poucas coisas das quais me arrependo. Não vale a pena olhar para trás dessa maneira", completou o ex-criativo, que 'pendurou as chuteiras' em 2004, ao serviço do Boston United.
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