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"Esta é a grande oportunidade da vida e da carreira do Chico Geraldes"

Augusto Inácio, que treinou o camisola 17 dos leões no Moreirense, considera que o jogador tem todas as qualidades para triunfar em Alvalade, mas pede que o seu antigo pupilo seja um jogador mais raçudo.

"Esta é a grande oportunidade da vida e da carreira do Chico Geraldes"
Notícias ao Minuto

07:57 - 28/06/20 por Rodrigo Querido

Desporto Exclusivo

Francisco Geraldes é um caso de estudo no Sporting. O médio ofensivo, uma das maiores promessas da Academia de Alcochete nos últimos anos, nunca conseguiu impor-se como titular indiscutível no clube onde fez toda a sua formação, mas o encontro da última jornada frente ao Belenenses SAD deixou os adeptos leoninos com água na boca.

Lançado no segundo tempo da partida, para o lugar do lesionado Jovane Cabral, o médio mostrou desde logo muita iniciativa. Foi dos mais rematadores na segunda parte e procurou por diversas vezes o golo, que não alcançou porque na baliza do Belenenses SAD estava um inspirado Koffi.

Com a chegada de Rúben Amorim a Alvalade, o camisola 17 dos leões tem sido aposta recorrente nestes últimos jogos, como comprova a entrada em campo diante do Belenenses SAD, e pode ter nas mãos a última oportunidade para singrar ao serviço do clube de Alvalade, quando tem apenas mais um ano de contrato.

Em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, Augusto Inácio, treinador que orientou Francisco Geraldes no Moreirense, clube onde realizou uma boa metade de época em 2016/17, considera que o médio tem agora aquela que poderá ser a última chance de se afirmar em Alvalade.

"Penso que ele já devia ter explodido por esta altura, pelo menos era o que eu esperava da carreira dele. Ele fez boa meia época no Moreirense, e regressou ao Sporting numa altura que era muito difícil para ele. Depois reapareceu no Rio Ave, onde fez uma boa época, e depois nos outros clubes onde esteve não teve aquele crescimento que eu pensava que ia ter. Tem agora uma nova oportunidade no Sporting", começou por dizer o técnico.

"Está a ter minutos o que lhe vai dar confiança. Eu acho que é agora ou nunca. Ou o Francisco Geraldes dá o salto que devia ter dado há dois ou três anos atrás, ou dificilmente vai dar um salto grande. Ele é um miúdo que tem muitas qualidades, mas por isto ou por aquilo não conseguiu alcançar aquela subida de patamar. Espero que ele se possa afirmar. Ele já devia ser um jogador mais afirmativo de há uns tempos para cá. Ele precisa de tempo de jogo para melhorar. Foi assim no Moreirense, onde era titular, e foi assim no Rio Ave. Nos outros clubes, onde não era titular, as suas qualidades baixaram. Um jogador só progride se jogar", acrescentou.

Augusto Inácio criticou ainda o facto de o Sporting ter chamado de volta Francisco Geraldes a meio da época 2016/17, considerando mesmo que essa situação foi um retrocesso no seu processo evolutivo.

"Os jogadores nos treinos têm de mostrar aos treinadores que devem jogar. Às vezes há jogadores que acham que merecem jogar, mas nos treinos não demonstram isso. Um dos maiores erros da gestão de carreira dele foi quando o Francisco estava a fazer uma grande temporada no Moreirense, e depois foi obrigado a regressar ao Sporting. Aconteceu o mesmo com o Podence. Eu disse-lhes. ‘É um erro irem para o Sporting agora’. Eu disse ao Chico Geraldes que ele não ia jogar porque o clube tinha muitas opções para a posição dele. Isso foi um retrocesso muito grande naquilo que era a ascensão de carreira do Francisco Geraldes. Depois retomou o seu jogo no Rio Ave, mas logo de seguida teve um azar. Foi operado na Alemanha e isso atrasou a afirmação dele no futebol alemão. Depois foi para a Grécia e não pegou", vincou.

O também antigo técnico do Sporting considera que o sistema tático de Rúben Amorim poderá potenciar as qualidades de Francisco Geraldes.

"O Chico regressou ao Sporting em condições que são muito apropriadas para ele. Esta é a grande oportunidade da vida dele e da carreira dele. Este treinador do Sporting [Rúben Amorim] está a dar oportunidades aos mais novos, apesar de ele já ter 25 anos, mas tem mais um fôlego aqui para poder demonstrar ao treinador que mantém as suas qualidades. Este tipo de jogo do Sporting favorece o Francisco Geraldes, mas há três/quatro anos este mesmo estilo de jogo não o beneficiava. Ele é jogador que gosta de ter a bola no pé, de tabelar e entrar na área, mas tem de melhorar no capítulo do espaço sem bola a defender. Agora, quando perde a bola, consegue rapidamente ocupar o espaço para defender, e joga mais pelo seguro", salientou, antes de deixar um conselho ao antigo pupilo.

"Estou a torcer muito para que ele vença. Gosto dele como jogador e acima de tudo como homem. Ele agora está a fazer coisas que já devia ter feito há algum tempo atrás. Está num bom caminho e espero de coração que ele vença. Ele está a agarrar esta oportunidade com unhas e dentes. Ele sente que é agora ou nunca. O Francisco ou agarra esta oportunidade, ou dificilmente irá jogar no clube com o nível do Sporting", atirou.

Qualidade está lá, mas o Chico tem de ser um jogador mais raçudo

Ainda em declarações ao Desporto ao Minuto, Augusto Inácio deixou elogios à postura de Francisco Geraldes como homem e pessoa, mas considerou também que o médio precisa de melhorar no capítulo da competitividade, recordando mesmo um episódio com Pedro Mendes, antigo internacional português.

"Eu, às vezes, chamava-lhe a atenção nas perdas de bola em que ele muitas vezes marcava com os olhos. Muitas vezes não ia com aquela convicção para tentar roubar a bola. Ele dizia-me que era um jogador intenso, de entrega, e eu achei piada a isso. O Chico estava num mundo em que pensava que estava bem e não estava. O meu trabalho era mostrar-lhe que estava errado para poder evoluir. Houve um jogo no estádio da Luz em que ele me disse que tinha feito um pico aos 87 minutos, e eu respondi-lhe que tinha feito o pico porque não se tinha desgastado nos minutos antes. Ele tem uma boa mentalidade, mas temos de lhe explicar o que queremos dele. Como ele tem uma boa cabeça, o Chico ainda vai a tempo de chegar lá", explicou o técnico português, antes de dar a conhecer aquilo que o médio pode oferecer ao Sporting.

"Vou dar o exemplo do Pedro Mendes. Quando eu estava no Vitória de Guimarães, o presidente Pimenta Machado queria dispensá-lo para o Felgueiras, mas eu pedir que ele ficasse. O Pedro Mendes era um jogador como o Francisco Geraldes. Era tecnicamente muito bom e com bom passe, mas não era determinado e competitivo. Eu uma vez chamei-o e disse-lhe ‘Se não tens uma entrega ao jogo adequada aquilo que são as necessidades da equipa, tu não vais passar disto’. Disse-lhe ainda que tinha de ter mais atitude mental e assim foi. Depois o Pedro foi para o FC Porto e para Inglaterra. Uma pessoa quando joga num grande clube como o Sporting e o FC Porto tem de ter uma atitude mental ganhadora", referiu, deixando ainda um conselho a Francisco Geraldes.

"O Francisco Geraldes está neste patamar. Ao Chico faz-lhe falta dar umas porradas no adversário quando não tem bola. Ele é um jogador soft e que gosta de jogar limpinho, mas o futebol não é assim. O Francisco Geraldes se não ganhar isto vão sempre chamar-lhe uma promessa adiada. Às vezes eles dizem que lhe falta vontade, mas falta-lhe é atitude. Se ele ultrapassar esta barreira e for competitivo ele vai ser titular na equipa do Sporting. Eu sinto que ele quer isso, mas estou na expectativa se ele vai dar o salto", atirou.

O antigo treinador do Sporting explicou ainda quais são as posições em que Francisco Geraldes poderá render no clube de Alvalade, mas deixou escapar que o médio terá de ter uma grande atitude para ser titular.

"Isso vai depender do que o treinador pensar. Quando eu apostava num 4-3-3, o Chico ocupava a posição 8. No 4-2-3-1 ele ficava atrás do ponta de lança. No sistema do Sporting, em que só há dois no meio, acho que ele se pode adaptar da direita para dentro com o pé esquerdo, sendo um dos três avançados. Onde ele pode render mais é no meio campo. O tipo de jogo que mais gosta é tabelar e aparecer no espaço. Agora, o problema que se põe é se quando perder a bola irá ter essa capacidade de voltar. Se ficar só na frente e não participar nas ações defensivas o Sporting pode ficar desequilibrado e ele aí perde vantagem", finalizou.

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