O ingrediente principal de qualquer jogo de futebol é, como todos bem o sabemos, o golo. Porém, para os verdadeiros apreciadores de futebol, as vitórias começam, não poucas vezes, a ser construídas de trás. 

Com um jogo entre os candidatos ao título a disputar-se este sábado no estádio do Dragão, o Desporto ao Minuto partiu para uma análise sobre cada um dos setores das duas equipas.

Assim, através dos dados, perspetivamos o jogo desta noite, tentando perceber os pontos fortes e fracos de cada e equipa, mas também as debilidades que podem ser exploradas por cada um dos técnicos. 

Ao olharmos para os dados, percebemos facilmente que as defesas dos dois eternos rivais têm propensões diametralmente opostas, com as laterais do FC Porto a serem verdadeiros municiadores do ataque e com o Benfica a mostrar um solidez defensiva sem paralelo no campeonato português.

Como tudo começou... 

Depois de ter vencido na temporada passada o campeonato, o Benfica começou o presente ano desportivo com a disputa da Supertaça de Portugal, frente ao Sporting. Como sempre, num jogo ainda em fase embrionária do trajeto desportivo das equipas, alguns dos titulares que fariam parte do ano estavam ausentes e o eixo mais recuado da equipa de Lage, face ao seu presente, apresentou algumas alterações. 

No primeiro jogo oficial da temporada, o Benfica alinhou com uma surpresa absoluta. Nuno Tavares, jovem da formação, haveria de ser trunfo de Lage para a partida, com o restante quarteto apresentado a ser composto por Rúben Dias, Ferro e Alex Grimaldo, homens com a função de evitar que a bola chegasse a Vlachodimos. 

A aposta do técnico encarnado, como mostram os três jogos seguintes, foi considerada ganha pelo treinador, sendo que nos três encontros seguintes, até à derrota frente ao Dragões, foi o jovem do Seixal quem, por indisponibilidade de André Almeida assumiu a lateral direita. 

No FC Porto a história foi outra. Começando o ano desportivo com duas alterações de peso no eixo defensivo, como foram as saídas de Éder Militão e Felipe, os dragões alinharam com algumas surpresas... e uma entrada em falso. 

Com Casillas, por problemas cardíacos, ausente das fichas de jogo, mas já com o novo dono da baliza - Marchesín em campo, o quarteto à frente do argentino foi composto por Manafá, Pepe, Marcano e Alex Telles, numa aposta que virou tradição q.b. 

É que na partida seguinte Sérgio Conceição arriscou entregar a lateral direita ao recém-chegado Renzo Saravia, mas o jogador acabaria, frente ao Krasnodar, por sair logo aos 38 minutos de jogo. Os restantes elementos, estabelecidos de pedra e cal, mantiveram e seguiram mesmo para o jogo seguinte: a goleada ao Vitória de Setúbal. Porém, nesta partida, como Conceição tanto gosta de fazer, o corredor direito teve o seu dono mais atacante... Corona. 

Os números não mentem, mas podem esconder verdades

Se é dado conhecido do público que o Benfica tem a defesa menos batida do campeonato, também não será de estranhar se dissermos que o FC Porto tem das defesas mais ofensivas da I Liga. 

Com apenas 8 golos sofridos, o registo das águias em termos numéricos é deveras impressionante, mas há um dado em que os encarnados se terão de preocupar... em termos atacantes. É que o FC Porto, apesar de ter mais quatro golos sofridos, é das defesas que menos remates permite por jogo - apenas 7,1. 

Por outro lado, as águias de Lage vencem em praticamente todos os outros parametros, acumulando mais interceções por jogo (11,2) , menos faltas cometidas (12,4) pelos seus defesas e conseguindo usar mais vezes a armadilha do fora de jogo (2,6) a seu favor. 

Mas há mais. É que entre Corona e Alex Telles, entre assistências (12) e golos (8) moram 20 dos 41 golos apontados pelos azuis e brancos na presente temporada.

FC Porto	vs	Benfica
12	Golos sofridos	8
7,1	Remates permitidos por jogo	9,3
10,5	Interceções por jogo	11,2
17,6	Faltas cometidas por jogo	12,4
1,5	Foras de jogo por jogo	2,6
Corona (7)	Defesa com mais assistências	Grimaldo (6)
Alex Telles (6)	Defesa com mais golos	André Almeida (2)

A forma recente e as dúvidas entre indiscutíveis

Privado há vários encontros da presença de Pepe no centro da defesa, Sérgio Conceição tem feito as suas típicas alterações na defesa mudando, sobretudo, o titular da ala direita. Com Mbemba a fazer 'par' com Marcano, Alex Telles assume-se como balaústre indispensável na arquitetura pensada pelo técnico azul e branco para a sua equipa. 

Para este jogo, Pepe deve regressar ao onze, sendo trunfo a jogar antes do apito inicial de Artur Soares Dias a presença ou não de Corona no setor mais recuado ou como dono da extrema direita. É que, tipicamente, Conceição tenta preservar o lado mais geométrico da equipa pondo, nas partidas grandes, Manafá atrás de Tecatito, protegendo-se de ver os seus pupilos serem apanhados em contra-pé.

No outro lado do campo as incertezas serão menores. Com Jardel lesionado para o que resta da temporada, Bruno Lage, depois de um jogo de rotação na Taça de Portugal, deve fazer regressar o seu eixo recuado mais forte da temporada, sendo este composto por André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo, não sendo de esperar alterações neste sentido. 

A única alteração que se poderia prever seria a inclusão de início de Tomás Tavares, menino que, por vezes, é aposta na lateral direita para preservar André Almeida de algum desgaste competitivo.

O elemento agitador que pode sair do banco

Se no lado portista o fator agitar pode ser a velocidade de Manafá em caso de derrota, já para os lados da equipa da Luz a 'surpresa' pode chegar do meio-campo. 

É que em caso de precisar de começar a construir melhor a partir de trás, Bruno Lage pode optar por fazer recuar para o centro da defesa o reforço Julian Weigl, fazendo o alemão recuar para a posição de Ferro para dar maior critério na saída para o ataque.