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"O boxe é um mundo muito pequeno em Portugal, precisamos de mais público"

O pugilista português Pedro Matos esteve à conversa com o Desporto ao Minuto antes de iniciar a disputa pelo título europeu da WBO (Organização Mundial de Boxe).

"O boxe é um mundo muito pequeno em Portugal, precisamos de mais público"
Notícias ao Minuto

09:12 - 12/12/19 por Notícias Ao Minuto

Desporto Exclusivo

Pedro Matos, 32 anos, vai lutar pela conquista do título europeu da World Boxing Organization (WBO) às 22h00 deste sábado, quando defrontar Quaise Khademi no Majestic York Hall, em Londres.

Antes de partir para o Reino Unido em busca de alcançar um feito inédito para o boxe português, o pugilista luso esteve à conversa com o Desporto ao Minuto, numa entrevista na qual abordou não só a participação no referido torneio, mas também o panorama do boxe nacional, além de uma curta retrospectiva da sua carreira.

Para quem não o conhece, fale-nos um pouco sobre o seu percurso e de que forma passou de pugilista amador a profissional.

Comecei no boxe aos 18 anos. Competi na vertente olímpica, como amador, até 2015. Tenho três presenças em campeonatos da Europa e uma em campeonatos do mundo. Também participei no torneio de qualificação para os Jogos Olímpicos. Fui três vezes campeão nacional e outras três da Taça de Portugal. Estive em vários torneios internacionais. Em 2016 iniciei o meu percurso profissional e, neste momento, tenho nove combates, com sete vitórias e duas derrotas.

Em que consiste este torneio europeu da WBO e como se conseguiu qualificar para o mesmo?

A qualificação está relacionada com os rankings das federações e, no meu caso, fui convidado pelo promotor que está a organizar o evento, e a federação aceitou-me como adversário na defesa do cinturão.

Quais as suas expectativas para o torneio?

As expectativas são grandes, espero vencer. Não só por mim, mas também por muitos pugilistas portugueses que, certamente, verão abrir-se muitas portas se eu conseguir este título. 

Vai defrontar Quaise Khademi. Quão bem conhece este adversário?

Pelo que tenho visto, é um atleta bastante tecnicista, que faz um jogo limpo. Por isso, acho que vai ser um bom combate de parte a parte e um bom espetáculo.

Vai ter a oportunidade de combater no mítico Majestic York Hall, em Londes. O que significa para si ter a oportunidade de pisar este palco?

Já combati em locais de maior dimensão, em termos de área. O York Hall é um espaço mítico do boxe inglês, por isso, terá, certamente, um significado diferente e alguma história, que faz com que o combate seja uma experiência única.

Mudemos um pouco de tema. Em Portugal, é possível fazer vida do boxe?

Ser atleta a tempo inteiro é muito difícil. É possível aliar, como eu faço, com um ginásio próprio ou dar aulas. Eu abri um ginásio e um clube de boxe especificamente para as modalidades de combate e que me permite ter disponibilidade para fazer vida de atleta a tempo inteiro. No entanto, é um mundo muito pequeno em Portugal, não é fácil ser atleta a tempo inteiro.

O que pode ser feito para que o boxe ganhe maior expressão em Portugal?

Como em todas as modalidades, o mais importante é o público. Precisamos de ter mais público, de mais gente a seguir a modalidade para que os atletas possam ter mais condições. Para termos mais público, acho que é importante conseguirmos algum feito importante, um título da dimensão do que eu vou disputar, para que o boxe chegue ao olhos do público em geral como uma modalidade forte e com bons atletas. É preciso que as pessoas acreditem no talento dos portugueses.

Que sacrifícios teve de fazer para chegar a profissional e construir a carreira que tem hoje?

Os sacrifícios estão relacionados, principalmente, com a família. Quando estamos em preparação para os combates passamos muito tempo longe das pessoas de quem gostamos. É preciso fazer um esforço muito grande e acreditar que, com trabalho, é possível. Muitas vezes, as coisas não estão a correr bem, mas o importante é não desistir, acreditar e continuar a trabalhar em busca dos objetivos.

Falhou os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, por falta de apoios financeiros. Tem esperanças de poder estar em Tóquio, no próximo ano?

Não. Agora, o meu percurso passa pela vertente profissional. São estruturas diferentes, apesar de falarmos sempre em boxe. São realidades muito distintas e, neste momento, já não penso nessa possibilidade.

Quais são as suas referências no mundo do boxe?

Um dos meu pugilistas de eleição, e que eu seguia muito, era o mexicano Juan Manuel Márquez. Hoje em dia, também sigo outro mexicano, o Saúl Álvarez, que é dos atletas com maior projeção a nível mundial.

O boxe é muitas vezes associado às classes mais baixas da sociedade, mas existem muitos casos que ligam a modalidade também às chamadas elites. Por exemplo, o antigo presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt, chegou a praticar boxe antes de assumir o cargo e, posteriormente, organizou combates na Casa Branca. Qual a sua opinião?

O boxe tem lugar em todos os patamares sociais. É claro que tem um papel importante nas classes mais baixas, pois permite, à semelhança de outros desportos, que atletas e crianças chegarem a um grande nível e, com isso, melhorarem as suas condições de vida. Na comunicação social, há muito mais visibilidade quando alguém de uma classe social mais baixa chega ao topo, mas eu acho que, no boxe, há espaço para todos, sejam de uma classe social mais alta ou mais baixa.

Já se registaram mortes de pugilistas na sequência de lesões sofridas em combates. Nesse sentido, considera que segue uma carreira perigosa e de risco?

Não, até porque mortes ocorrem em todos os desportos. Uns têm mais visibilidade que outros, mas, falando do boxe profissional, existe um grande rigor e controlo médico. Por isso, quando competimos, à partida estamos bem fisicamente. Claro que acontecem alguns acidentes, mas acho que nenhum atleta que sobe ao ringue está a pensar nesse cenário.

Anthony Joshua sagrou-se campeão mundial de pesos pesados ao vencer Andy Ruiz Jr. O que achou desse combate?

Foi um combate inteligente do Anthony Joshua. Claro que o público em geral gosta de assistir a um K.O. e de ver uma luta mais intensa. Mas o Anthony Joshua fez um trabalho mais inteligente, o objetivo principal era ganhar e recuperar aquilo que era seu.

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