Ricardo Quaresma concedeu, este sábado, uma grande entrevista ao Porto Canal onde abordou não só a sua passagem pelo FC Porto. Do jogos com o Benfica à mudança para o Barcelona, o internacional português passou em revista alguns episódios da já extensa carreira.

O jogador, agora no Kasimpasa, da Turquia, recordou os jogos com o Benfica no estádio da Luz e sublinhou que os jogadores encarnados tinham medo de jogar contra o FC Porto.

"Na Luz tem um gozo especial, um sabor mais doce. Mas são sempre grandes jogos e essa rivalidade é bonita, é saudável, sentes isso, porque estás a semana toda a ouvir falar do jogo e quando entras já entras com aquela vontade de querer resolver o jogo. Com o Benfica, no túnel, sentíamos que íamos ganhar, porque tinham medo de nós, apesar de também terem grandes jogadores. Tremiam porque sabiam que não tinham hipóteses para nós", começou por dizer, antes de recordar os insultos de que era alvo no recinto dos encarnados.

"Sentes isso. Consegues sentir quem está com mais confiança. Não sou muito de falar antes dos jogos. Fico sempre para último e ficava a olhar para os jogadores do Benfica e sentia que eles estavam com receio, sabiam que não íamos facilitar-lhes a vida. Era especial, porque sempre que ia ao Estádio da Luz ouvia "n" coisa, cigano disto, cigano daquilo... Numa jogada antes fui bater uma falta e escorreguei e o estádio ficou logo rir-se e a bater palmas, só que depois tiveram o azar da bola cair nos meus pés outra vez e de fazer golo. Para um portista é das coisas mais especiais é ir à Luz ganhar", atirou Quaresma.

Mudança do Barcelona para o FC Porto

O internacional português recordou ainda a época 2003/04 quando se mudou do Barcelona para o FC Porto. Na altura, Quaresma foi moeda de troca na mudança do brasileiro para Espanha. O agora jogador do Kasimpasa salienta que ficou magoado por ter sido tratado como uma mercadoria.

"A mim custou-me, porque não acho ninguém melhor do que eu. E nunca achei. Isso feriu-me no ego e no orgulho. Feriu-me. Sair em troca. Quer queiras ou não, saí por troca. Mas quando vim para o Porto meti na cabeça: 'Vão ver que não perderam nada'. Foi isso que aconteceu, no primeiro ano tivemos três treinadores e foi complicado, difícil", sublinhou Quaresma, recordando que o seu desejo era assinar pelo Sporting.

"Quando o Jorge Mendes me fala de Portugal eu queria voltar ao Sporting. Era normal, era o único clube que conhecia em Portugal. Senti que o Sporting me andou a contar histórias e não me queria aceitar com aquela vontade e carinho que me tinha dado no passado", acrescenta, antes de salientar que depois chegou à conclusão de que assinar pelo FC Porto foi a opção certa.

"Quando entrei no balneário do FC Porto e quando vi as referências do clube, sobretudo Jorge Costa e Vítor Baía, que para mim são as grandes referências do FC Porto que eu conheci. Nessa altura pensei: ‘ok, estou na casa certa e vou fazer tudo para que ninguém a assalte", afirmou na entrevista ao Porto Canal.

Na mesma conversa, Quaresma revelou que tem algum ressentimento em relação ao Sporting, clube onde foi formado e acabou por fazer 28 jogos e três golos na última época em que os leões foram campeões nacionais.

"Ficou um sentimento de orgulho. Independentemente de hoje assumir que amo o FC Porto, vou ter sempre um carinho e respeito pelo Sporting. Jamais me ouvirão falar mal do Sporting, não posso cuspir no prato onde comi. Por vezes, acho piada quando as pessoas me perguntam o porquê de não falar do Sporting. E eu pergunto: porque é que quando falam em jovens que saíram do Sporting nunca falam em mim? Porque digo que amo o Porto? Ou porque me esqueceram? Se não falam em mim, também não tenho de falar em ninguém. Mas vai ser sempre clube que me marcou e vai estar sempre comigo", concluiu.