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"Sem apoios é difícil continuar. Tornou-se num beco sem saída"

Conheça um pouco mais da história de Bruno Pais, o triatleta que representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Pequim e Londres e colocou um ponto final na carreira em setembro de 2018.

Notícia

© D.R.

Ricardo Santos Fernandes
11/06/2019 06:30 ‧ 11/06/2019 por Ricardo Santos Fernandes

Desporto

Exclusivo

Ao longo de mais de duas décadas, Bruno Pais teve oportunidade de participar nos Jogos Olímpicos de Pequim e Londres, tendo-se sagrado campeão da Europa de sub-23, vice-campeão da Europa de triatlo longo e 11 vezes campeão de Portugal.

Numa entrevista ao Desporto ao Minuto, o triatleta português explicou os motivos da sua retirada, os momentos mais duros que atravessou e o legado que deixa numa modalidade em fase de crescimento.

"O futuro é risonho" e sim... Portugal pode sonhar com novo medalhista em futuras edições dos Jogos Olímpicos.

O que é que o levou a colocar um ponto final na carreira?

Sentia que já não tinha objetivos. Os meus principais objetivos eram a nível internacional, mas sem apoios tornou-se muito difícil. Só tinha o meu clube [o Estoril Praia] a ajudar-me e tornou-se difícil continuar nesta carreira. Depois fiquei sem objetivos concretos, a juntar à idade, tornou-se num ‘beco’ sem saída, apesar de competir, não a nível profissional. Ainda agora terminei o triatlo de Peniche e quase sem treinar fui para lá competir.

A falta de apoios foi uma realidade que o acompanhou ao longo da sua carreira?

Não foi só a mim. Qualquer atleta que tenha de pagar tudo do seu bolso tem uma carreira recheada de dificuldades. A montanha a ‘escalar’ torna-se muito mais difícil de superar e quando é a nível internacional, mesmo que um atleta queira percorrer todo o mundo, não se consegue. A falta de apoios é uma desvantagem para nós, até porque os voos são bastante caros.

O futebol tem realmente apoios que nenhuma outra modalidade tem em Portugal. Não passou pela cabeça do Bruno Pais um sentimento de ‘raiva’ ou ‘injustiça’ por acreditar que com outros apoios teria chegado mais longe?

Eu nunca comparo o futebol com qualquer outra modalidade, porque o futebol vive numa realidade à parte. São os apoios que existem, é difícil, mas quando estava nos projetos olímpicos sempre senti apoio da Federação e do Comité Olímpico, mas quando decidi apostar nas distâncias longas é que senti os obstáculos a crescerem.

Se tivesse nascido noutro país acredita que teria ido mais longe?

Não sei, não sei. Eu mal sabia nadar quando apareci no triatlo e, tanto eu, como os meus treinadores, na altura ajudaram-me a batalhar muito para conseguir bons resultados nesta variante. Se tivesse nascido noutro país, com o triatlo mais desenvolvido, se calhar a federação não teria apostado em mim, em detrimento de outros atletas que estariam numa fase bem mais à frente do que eu.

O que é que fica de duas décadas a competir ao mais alto nível?

Ficam resultados, ficam lembranças boas, foram muitos anos que talvez tenham passado muito rápido, e só agora é que me começo a aperceber de que tudo aconteceu a uma velocidade arrepiante. Uma carreira recheada essencialmente de bons momentos, alguns maus, mas é importante recordar estes maus, até porque nós aprendemos a crescer com estes obstáculos.

O melhor momento que vai guardar da sua experiência no triatlo?

Há vários, mas essencialmente o campeonato da Europa de sub-23, onde consegui vencer, o IRONMAN 70.3 de Budapeste e, claro, os Jogos Olímpicos em que participei [em Londres e Pequim].

E quais foram as piores dificuldades que enfrentou à margem da falta de apoios?

O que mais me custou foi ficar fora dos Jogos Olímpicos de 2004 – em Atenas – por um lugar, ainda por cima numa prova realizada em casa, na Madeira, e que se traduzia na minha última oportunidade para conseguir a qualificação. Por um erro no início da prova – na variante do ciclismo – fiquei logo condicionado para o resto da prova. É uma mágoa que nunca esquecerei.

Que tipo de pensamentos lhe vinham à cabeça quando uma prova não estava a correr de feição?

A prova podia estar a correr mal no início, ou a meio, mas pensava muitas vezes que tudo só terminava quando se cortava a meta e tinha de lutar até ao fim. Por isso, na minha cabeça o que prevaleceu sempre foi a minha resiliência.

E o que ficou por realizar?

Nós, atletas, queremos sempre mais e nunca se fica realizado com o que se faz, mas acho que dei o meu melhor e acho que não há nada que pudesse ter feito de outra maneira. Eu fiz o que o pude e acho que até superei os resultados com que sonhava no início do meu percurso profissional.

Que legado é que o Bruno deixa na modalidade?

Penso que deixo um bom incentivo para os mais novos, penso que deixo um bom exemplo. Comecei a competir no triatlo, numa altura em que ainda não existiam resultados a nível internacional e tanto eu como a Vanessa Fernandes fomos os impulsionadores do triatlo. Nenhum atleta conseguia, até então, terminar nas posições da frente de uma Taça do Mundo. Os portugueses começaram, a partir dos nossos exemplos, a acreditar que era possível.

Qual será o futuro do triatlo em Portugal?

Em termos de praticantes, o triatlo tem evoluído muito, tem tido uma curva ascendente, e em termos de qualidade temos dos melhores atletas do mundo. A geração que agora está a chegar promete grandes resultados, por isso está tudo encaminhado para um futuro risonho.

E acredita que a breve trecho podemos voltar a ter um medalhista nos Jogos Olímpicos?

Os Jogos Olímpicos é um dia e às vezes a qualidade do atleta não é o que impera. A condicionante da sorte ou do azar por vezes determina quem leva o ouro ou não para casa. Temos hipóteses de ter um medalhista, mas os outros que lá estão também correm por um sonho.

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