Três presépios em barro de Estremoz mostram-se em Lisboa

Três presépios em barro de Estremoz, dos séculos XVIII, XIX e XX, estão patentes no Museu Antoniano, em Lisboa, ilustrando a relação "entre a representação da Natividade, com os tradicionais tronos de Santo António", segundo a organização.

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Lusa
06/12/2017 20:48 ‧ 06/12/2017 por Lusa

Cultura

Natal

As peças para esta exposição foram cedidas pelo Museu Municipal Professor Joaquim Vermelho, que preparou a candidatura do figurado de barro de Estremoz a Património Cultural Imaterial da Humanidade, cuja decisão vai ser conhecida na quinta-feira, no âmbito da 12.ª reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, mais conhecida pela sigla em inglês) para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, na Coreia do Sul.

No Museu Antoniano, junto à Basílica de Santo António, em Lisboa, a exposição está patente até 07 de janeiro, apresentando um presépio de figurado de Estremoz, do século XVIII, de autor desconhecido, um outro do século XIX, também de autor desconhecido, e um último das décadas de 1970/1980, de autoria de José Moreira e Josefina Moreira.

A "representação da Natividade em altar" tornou-se característica da produção estremocense a partir de meados do século XX, segundo a organização.

Em comunicado enviado à agência Lusa, Hugo Guerreiro, diretor do Museu Municipal Professor Joaquim Vermelho, em Estremoz, afirma que a representação da Natividade naquele concelho "terá surgido primeiramente nos conventos", tendo a Ordem Franciscana desempenhado "um papel importante no seu desenvolvimento, dado que foram estes frades que propagaram a arte do presépio pela Europa, desde Itália, a partir do século XIII".

"Dos conventos passaram às casas nobres locais e daqui o gosto pela adoração do Deus Menino foi adotado pela burguesia e povo", referiu.

Região de barro abundante, "de grande qualidade para modelação", onde existia "já larga tradição na olaria, era natural que o presépio fosse transposto para esta matéria-prima, aproveitando o gosto presepista provocado pela 'escola de Mafra'".

"As barristas de Estremoz que até então eram essencialmente santeiras, deram início à produção popular, seguindo o esquema que observavam nas cenas da Natividade eruditas, que conheciam dos conventos e casas mais abastadas onde estavam expostas para adoração, e assim nasceu uma tradição", afirma o investigador.

Esta tradição cultural declinou no século XIX com a importação da árvore de Natal e "pelo secularismo" da sociedade.

"Em Estremoz, no final do século XIX, apenas por encomenda a barrista Gertrudes Rosa Marques modelava presépios", arte que ganhou novo fôlego a partir de 1935, "sob influência do escultor José Maria Sá Lemos, diretor da Escola de Artes e Ofícios da cidade".

A partir da segunda metade do século XX, a cena da Natividade foi "adotada por todos os barristas em atividade e é hoje incontornável para qualquer um dos artesãos".

Segundo Hugo Guerreiro, as encomendas avolumam-se a partir de setembro e a inovação tem sido a palavra-chave na produção atual, muito devido às exigências dos colecionadores, e da grande procura de 'novidades' motivada pelas diversas exposições natalícias em todo o país e também pela candidatura a Património Imaterial da UNESCO.

Caso a Produção de Figurado em Barro de Estremoz seja classificada pela UNESCO, esta é o "reconhecimento de uma arte popular que marca identitariamente Estremoz e o seu povo", remata Hugo Guerreiro.

 

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