Pode pensar que, com as adaptações de Sam Raimi e Marc Webb, o cinema não precisava de mais uma versão do 'Homem-Aranha' com um novo ator. Pois bem, acontece que é provável que esta seja uma versão do super-herói da Marvel que nunca viu. E é também provável que, a partir de agora, não queira outra.
Ao contrário das interpretações de Tobey Maguire e Andrew Garfield (os anteriores Homem-Aranha), Tom Holland empresta uma ‘leveza’ pouco habitual ao ecrã. A comédia pontua frequentemente cada momento do filme e não é apenas Tom Holland a contribuir para tal. Ned (Jacob Batalon), o melhor amigo de Peter Parker (e ‘O Tipo da Cadeira’), assim como a rezingona Michelle (Zendaya), colega de turma dos dois, são os claros pontos altos num filme que decerto recheará a sala de cinema de risos.
O lado mais cómico do filme só é possível graças à decisão da Marvel e da Sony em ‘acelerar’ a origem do Homem-Aranha. Tendo em conta que Holland é o terceiro ator a interpretar Peter Parker em menos de 20 anos, dificilmente alguém quereria voltar a ver a aranha radioactiva, a morte do tio Ben e todo o lema “com grande poder vem uma grande responsabilidade”.
‘Homem-Aranha: Regresso a Casa’ pega no super-herói depois dos acontecimentos de ‘Capitão América: Guerra Civil’. Ao voltar ao ‘pequeno’ universo de Queens, onde vive com a sua tia May (Marisa Tomei), o jovem super-herói está sedento por ajudar a voltar a fazer parte do universo dos Vingadores, esforçando-se entretanto para tentar ajudar quem puder antes de ser chamado para alguma grande missão.
A oportunidade acaba por surgir com o aparecimento de Adrian Toomes (Michael Keaton) com o seu alter-ego Vulture, e dos seus planos de vender armas alteradas com tecnologia dos Chitauri, aliens que invadiram a Terra no primeiro filme dos ‘Vingadores’. Os fãs da Marvel sabem bem que a qualidade dos vilões destes filmes tem sido fraca mas é com agrado que se vê Michael Keaton a dominar praticamente qualquer cena em que está presente. Não aparece tantas vezes quanto gostaria mas, ainda assim, um bom trabalho.
Quem também não aparece tantas vezes quanto se pudesse pensar (a julgar pelos trailers) é Tony Stark (Robert Downey Jr.). Enquanto Homem de Ferro, Stark é uma fonte de admiração do jovem Peter Parker, não fossem os paralelismos entre as personagens mais que claros. Ainda que fique latente o desejo de ver Tony Stark mais vezes no ecrã (e acreditamos que a tentação tenha sido muita por parte dos produtores) este é um filme sobre Peter Parker e o crescimento emocional da personagem, para perceber que o trabalho de super-herói afeta muitas vezes as pessoas que estão à sua volta, e nem sempre da melhor forma.
Mesmo que o filme esteja repleto de acrobacias dignas do Homem-Aranha e que o realizador Jon Watts faça um bom trabalho em exibi-las, nem todas as cenas de ação estão bem conseguidas e às vezes torna-se difícil seguir o que se está a passar com um trabalho de câmara um pouco negligente. Esperemos que na continuação levem isto em conta.
Com tanto filme de super-herói que tem chegado ao cinema nos últimos anos ninguém o reprovará se já estiver farto do género. Ainda assim, a maior leveza do filme e o facto de ser um Peter Parker/Homem-Aranha como nunca viu é capaz de merecer que lhe dê uma oportunidade. Se, por outro lado, for um fã, o filme ‘Homem-Aranha: Regresso a casa’ é obrigatório.